quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Data do edital para a ponte Salvador-Itaparica é adiada

A data de lançamento do edital da ponte Salvador-Itaparica, anunciado inicialmente para estar na Bolsa de Valores de São Paulo no dia 15 de abril, foi adiada sem que se tenha nova data prevista.

O secretário de Planejamento, João Leão (PP) alega que representantes das empresas estatais chinesas CRCC e CR20, que estiveram esta semana em Salvador e retornam para a China hoje, pediram ampliação do prazo para estarem aptas a participar do pregão porque o governo chinês precisa dar aval para a construção de obra de grande porte em outro país, o que leva tempo.

Contudo, fonte governista ouvida por A TARDE em anonimato, afirma que os empresários deram a entender que condicionam a participação no pregão ao resultado das eleições no estado, que ocorrem somente em outubro.

Em outras palavras, as empresas querem ter segurança de que estarão investimento bilhões em um projeto que será negociado e efetivado com o governo dos próximos quatro anos, conforme se prevê o tempo hábil para a construção da ponte. Em um eventual cenário no qual a disputa não seja vencida pelo governo petista, mas sim pelo seu provável adversário nas urnas, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), não haveria garantia dos acordos.

Custo reduzido

Até agora, são os grupos chineses que efetivamente demonstraram interesse na obra – uma PPP que será uma concessão de 35 anos. Eles estiveram em Salvador em mais de uma dezena de missões para avaliarem questões técnicas e econômicas. A ponte está orçada em R$ 6,001 bilhões (seis bilhões e um milhão), mas deve ter o custo reduzido em cerca de 15% porque foi batido o martelo de que a altura do equipamento descerá de 125 metros para 85 metros, diz João Leão. O dinheiro viria do Estado e das empresas chinesas. Leão nega que os chineses tenham condicionado o negócio às eleições.

"Nós não podemos definir data porque, após chegarem à China, eles terão de ver o tempo que irão gastar com a liberação do projeto pelo governo. Eles são muito exigentes", justifica o secretário, que está à frente dos trâmites burocráticos para tirar o projeto do papel.

Fato é que o projeto da ponte foi promessa de campanha do então governador Jaques Wagner (PT) – quando se dizia que seria inaugurada no segundo mandato do petista, em 2013 – e mantido na gestão de Rui Costa (PT). Na mensagem que leu na abertura do ano legislativo no último dia 1º de fevereiro, na Assembleia Legislativa, Rui disse que "seguem as trativas com os chineses para viabilizar a Ponte Salvador-Itaparica e a expectativa é de iniciar os processos licitatórios ainda neste primeiro semestre". Agora, poderá ter que esperar mais do que previsto.

Burocracia

O secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, que integra o comitê da ponte, disse para A TARDE que "em momento algum" houve menção às eleições pelos empresários chineses. Ele diz, ainda, que o prazo para aquisição do pré-edital está mantido até março e que há, inclusive, possibilidade de que o pregão ocorra até agosto, portanto, antes do pleito.

"Eleição não é considerada elemento importante na estrutura do negócio. Como é uma estatal, tem que passar por vários ministérios [da China], tem a burocracia da empresa e do setor público", diz Dauster. E completa: "Os chineses não têm preocupação com eleições para decidir. Interpreto que eles entendem que é um projeto importante e positivo, que ninguém deixaria de tocar", disse, em alusão indireta a eventual cenário no qual as eleições não fossem vencidas pelo PT.


O prefeito ACM Neto já chegou a dizer para a imprensa, ano passado, que agradaria a ele a ideia da ponte. Mas que restava saber se era só mais uma promessa ou "uma coisa real".

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