A data de lançamento
do edital da ponte Salvador-Itaparica, anunciado inicialmente para estar na
Bolsa de Valores de São Paulo no dia 15 de abril, foi adiada sem que se tenha
nova data prevista.
O secretário de
Planejamento, João Leão (PP) alega que representantes das empresas estatais
chinesas CRCC e CR20, que estiveram esta semana em Salvador e retornam para a
China hoje, pediram ampliação do prazo para estarem aptas a participar do
pregão porque o governo chinês precisa dar aval para a construção de obra de
grande porte em outro país, o que leva tempo.
Contudo, fonte
governista ouvida por A TARDE em anonimato, afirma que os empresários deram a
entender que condicionam a participação no pregão ao resultado das eleições no
estado, que ocorrem somente em outubro.
Em outras palavras,
as empresas querem ter segurança de que estarão investimento bilhões em um
projeto que será negociado e efetivado com o governo dos próximos quatro anos,
conforme se prevê o tempo hábil para a construção da ponte. Em um eventual
cenário no qual a disputa não seja vencida pelo governo petista, mas sim pelo
seu provável adversário nas urnas, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), não
haveria garantia dos acordos.
Custo reduzido
Até agora, são os
grupos chineses que efetivamente demonstraram interesse na obra – uma PPP que
será uma concessão de 35 anos. Eles estiveram em Salvador em mais de uma dezena
de missões para avaliarem questões técnicas e econômicas. A ponte está orçada
em R$ 6,001 bilhões (seis bilhões e um milhão), mas deve ter o custo reduzido
em cerca de 15% porque foi batido o martelo de que a altura do equipamento
descerá de 125 metros para 85 metros, diz João Leão. O dinheiro viria do Estado
e das empresas chinesas. Leão nega que os chineses tenham condicionado o
negócio às eleições.
"Nós não podemos
definir data porque, após chegarem à China, eles terão de ver o tempo que irão
gastar com a liberação do projeto pelo governo. Eles são muito exigentes",
justifica o secretário, que está à frente dos trâmites burocráticos para tirar
o projeto do papel.
Fato é que o projeto
da ponte foi promessa de campanha do então governador Jaques Wagner (PT) –
quando se dizia que seria inaugurada no segundo mandato do petista, em 2013 – e
mantido na gestão de Rui Costa (PT). Na mensagem que leu na abertura do ano
legislativo no último dia 1º de fevereiro, na Assembleia Legislativa, Rui disse
que "seguem as trativas com os chineses para viabilizar a Ponte Salvador-Itaparica
e a expectativa é de iniciar os processos licitatórios ainda neste primeiro
semestre". Agora, poderá ter que esperar mais do que previsto.
Burocracia
O secretário da Casa
Civil, Bruno Dauster, que integra o comitê da ponte, disse para A TARDE que
"em momento algum" houve menção às eleições pelos empresários
chineses. Ele diz, ainda, que o prazo para aquisição do pré-edital está mantido
até março e que há, inclusive, possibilidade de que o pregão ocorra até agosto,
portanto, antes do pleito.
"Eleição não é
considerada elemento importante na estrutura do negócio. Como é uma estatal,
tem que passar por vários ministérios [da China], tem a burocracia da empresa e
do setor público", diz Dauster. E completa: "Os chineses não têm
preocupação com eleições para decidir. Interpreto que eles entendem que é um
projeto importante e positivo, que ninguém deixaria de tocar", disse, em
alusão indireta a eventual cenário no qual as eleições não fossem vencidas pelo
PT.
O prefeito ACM Neto
já chegou a dizer para a imprensa, ano passado, que agradaria a ele a ideia da
ponte. Mas que restava saber se era só mais uma promessa ou "uma coisa
real".
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