76 mil
km² é a extensão do
aquífero que tem a parte mais expressiva situada no oeste da Bahia. Ele pode
ser a chave para o potencial e a segurança hídrica da região
O evento ocorre, às
14h, no auditório da Assembleia Legislativa da Bahia. A pesquisa que visa
mensurar a quantidade de água existente sob o solo baiano é realizada por
pesquisadores da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, e da
Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais.
Na oportunidade,
representantes do governo e sociedade civil irão debater um dos temas mais
comentados da atualidade, e os resultados apresentados podem interferir na
produção agrícola da Bahia, uma vez que a escassez de água gera insegurança,
sobretudo no agronegócio, cuja produção depende diretamente dos recursos
hídricos disponíveis.
“Não se pode falar em
crise hídrica nem mesmo em produção sustentável sem antes mensurar os recursos.
E o que o estudo propõe é exatamente quantificar e qualificar a água
subterrânea existente na região para, então, propor um modelo de gestão que
seja sustentável, garantindo os múltiplos usos dessa água”, pontuou o professor
Aziz Galvão, pesquisador do Institute Water for Food (Instituto Água para
Alimentos), da Universidade do Nebraska-Lincoln.
Sustentabilidade
Segundo ele, é
completamente possível plantar com sustentabilidade, garantindo água para o
consumo humano e animal, para a agricultura irrigada e ainda para lazer e
recreação. O segredo, revela o pesquisador, está na gestão correta do recurso
natural, como é feita em Nebraska, a região mais irrigada dos Estados Unidos.
Com uma área de 3,5
milhões de hectares sob pivôs centrais, utilizando em sua maioria águas
subterrâneas, o estado norte-americano é referência mundial em gestão de
recursos hídricos, com um sistema inovador para produzir alimentos de forma
sustentável.
É esta experiência de
sucesso que os pesquisadores pretendem trazer para o Brasil, mais
especificamente para o oeste da Bahia, conhecido polo produtor de grãos e
fibra, e que tem um cenário bastante semelhante ao dos americanos.
A região abriga boa
parte do Sistema Aquífero Urucuia (SAU), conhecido como a caixa d’água sob o
cerrado. Apesar da abundância, os produtores rurais daquela área não usufruem
do recurso hídrico e têm sido castigados pela severa estiagem dos últimos cinco
anos.
Abrangência
Dos 76.000 km² de
extensão do aquífero, que corta cinco estados brasileiros, a parte mais
expressiva fica situada no oeste da Bahia. Ele pode ser a chave para o
potencial e a segurança hídrica da região. “Nós não vamos parar de comer, então
é preciso continuar plantando, por isso a busca por uma agricultura
sustentável, porque é ela que garantirá a segurança alimentar do mundo”, disse
o pesquisador, ressaltando que a irrigação pode ser a solução e não a vilã,
desde que alterada a política de gestão das águas.
Para o presidente da
Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Celestino Zanella, o
monitoramento do SAU é de extrema importância não só para os agricultores, mas
para toda população do oeste baianos.
“O produtor rural não
pode ser visto como vilão. As pessoas precisam entender que ele é o maior
interessado em preservar os rios, pois o seu negócio depende diretamente disso.
É daqui que tiramos o nosso alimento e também o de uma nação inteira. Para
continuar produzindo, a gente precisa da água, pois não há outro modo de
produzir. Nenhum produtor vai investir em um sistema de irrigação caríssimo em
uma área que corre o risco de secar. É ingênuo pensar que alguém quer perder
dinheiro e colocar a segurança alimentar em risco”, salientou.
O estudo é financiado
pelo governo da Bahia, através da Sema, Inema e Seagri, e conta com o apoio da
Aiba, por meio do Programa para Desenvolvimento da Agropecuária (Prodeagro).
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