O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção
passiva por causa das suspeitas de que a Odebrecht repassou R$ 40 milhões ao PT
em troca de decisões políticas que favorecessem a empreiteira, teria dado
"aval presidencial" para a operação. A procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, em denúncia encaminhada ao ministro Edson Fachin,
relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), disse que ele foi parte
integral da "organização criminosa" que atuou entre 2002 e 2016.
Raquel discorre que Lula e o ex-ministro Antonio Palocci se associaram a
executivos da Odebrecht em 2002 para financiar a campanha dele "em troca
do compromisso assumido pelo então candidato de atender a interesses privados
lícitos e ilícitos daqueles conglomerados". A partir da negociação
"espúria", a Odebrecht teria repassado cerca de R$ 20 milhões, e a
campanha também teria recebido "aproximadamente R$ 39 milhões mediante
doações eleitorais oficiais provenientes especialmente da OAS e de empresas do
grupo Odebrecht, todas elas posteriormente beneficiadas com esquema instituído
pela organização criminosa". "Os pagamentos foram operacionalizados
por Antonio Ferreira, pelo lado da Odebrecht, e recebidos pelo tesoureiro da
campanha de Lula, Delúbio Soares, sendo que parte dos valores foram repassados
diretamente para Duda Mendonça, marqueteiro da campanha. Com a ascensão ao
poder de Lula, os ora denunciados estruturam no âmbito do governo federal um
modus operandi que consistia em cobrar propina a partir de ajustes ilícitos com
as empresas que tinham interesse em firmar negócios no âmbito do governo
federal e na aprovação de determinadas medidas legislativa (denúncia nos autos
do Inquérito n° 4.325)", traz a denúncia. Para Raquel, o grupo concentrou
as ações criminosas para a "arrecadação de valores ilícitos por meio da
lesão ao patrimônio e à moral administrativa de diversos entes e órgãos
públicos da Administração Pública direta e indireta, tais como a Petróleo
Brasileiro S.A. (Petrobras), o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e o
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG)". A PGR afirma ainda
que Lula sabia das negociações ilícitas em 2008 e 2009, "o que bastaria
para que pudesse e devesse cessar estas condutas ilícitas, na condição de
Presidente da República", além de ter participado pessoalmente delas. Em
nota, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que a
PGR atua de "maneira irresponsável" ao formalizar denúncia contra ela
"sem provas, a partir de delações negociadas com criminosos em troca de
benefícios penais e financeiros". Pelo Twitter, ela disse ainda que a
denúncia foi apresentada no momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que considera ter sido preso "ilegalmente", lidera pesquisas
de intenção de voto como pré-candidato à Presidência da República. Gleisi
também lamentou a "irresponsabilidade da PGR em agir com esse
denuncismo". "O Ministério Público tenta criminalizar ações de
governo, citando fatos sem o menor relacionamento, de forma a atingir o PT e
seus dirigentes", escreveu Gleisi na nota divulgada pela assessoria. A
senadora defendeu também que, "além de falsas, as acusações são
incongruentes, pois tentam ligar decisões de 2010 a uma campanha eleitoral da
senadora Gleisi Hoffmann em 2014". "A denúncia irresponsável da PGR
vem no momento em que o ex-presidente Lula, mesmo preso ilegalmente, lidera
todas as pesquisas para ser eleito o próximo presidente pela vontade do povo
brasileiro." A defesa de Antônio Palocci informou que só se manifestará
quanto ao teor dessa nova acusação após ter acesso à denúncia. A defesa de Lula
disse que analisará o caso antes de se pronunciar. Em nota, a defesa de Marcelo
Odebrecht reafirmou "o seu compromisso contínuo no esclarecimento dos fatos
já relatados em seu acordo de colaboração e permanece à disposição da Justiça
para ajudar no que for necessário". A Odebrecht, por sua vez, reiterou que
está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua.
BAHIA NOTICIA
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