Governo e
representantes de caminhoneiros chegaram a um acordo e a paralisação será
suspensa por 15 dias. Em troca, a Petrobras mantém a redução de 10% no valor do
diesel nas refinarias por 30 dias enquanto o governo costura formas de reduzir
os preços. A Petrobras mantém o compromisso de custear esse desconto, estimado
em R$ 350 milhões, nos primeiros 15 dias. Os próximos 15 dias serão
patrocinados pela União.
O governo também
prometeu uma previsibilidade mensal nos preços do diesel até o final do ano sem
mexer na política de preços da Petrobras e irá subsidiar a diferença do preço
em relação aos valores estipulados pela estatal a cada mês. “Nos momentos em
que o preço do diesel na refinaria cair e ficar abaixo do fixado, a Petrobras
passa a ter um crédito que vai reduzindo o custo do Tesouro”, disse o ministro
da Fazenda, Eduardo Guardia.
O governo também se
comprometeu a zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide)
para o diesel até o fim do ano e negociará com os estados buscando o fim da
cobrança de pedágio para caminhões que trafegam vazios, com eixo suspenso. “Chegou a hora de olhar para as pessoas que
estão sem alimentos ou medicamentos. O Brasil é um país rodoviário. A família
brasileira depende do transporte rodoviário. Celebramos esse acordo,
correspondendo a essas solicitações, dizendo humildemente aos caminhoneiros que
precisamos de vocês”, disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Sem unanimidade
A decisão de
suspender a paralisação, porém, não é unânime. Das onze entidades do setor de
transporte, em sua maioria caminhoneiros, que participaram do encontro, uma
delas, a Associação Brasileira dos
Caminhoneiros (Abcam), que representa 700 mil caminhoneiros, recusou a
proposta. O presidente da associação, José Fonseca Lopes, deixou a reunião no
meio da tarde e disse que continuará parado. “Todo mundo acatou a posição que
pediram, mas eu não. [...] vim resolver o problema do PIS, do Cofins e da Cide,
que tá embutido no preço do combustível”, disse Lopes.
Os ministros Eliseu
Padilha (Casa Civil), Carlos Marun (Secretaria de Governo), Valter Casimiro
(Transportes), além do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI),
general Sérgio Etchegoyen, se sentaram à mesa com representantes dos
caminhoneiros decididos a ter um respiro na paralisação, que afeta distribuição
de produtos em todo o país. Os ministros entendem que o governo e a Petrobras
têm mostrado iniciativa suficiente.
Os representantes dos
caminhoneiros pedem o fim da carga tributária sobre o óleo diesel. Eles contam
com a aprovação, no Senado, da isenção da cobrança do PIS/Pasep e da Cofins
incidente sobre o diesel até o fim do ano. A matéria foi aprovada ontem pela
Câmara e segue agora para o Senado. Caso seja aprovava, a isenção desses
impostos precisará ser sancionada pelo presidente da República.
Quarto dia de
paralisação
No quarto dia de
paralisação dos caminhoneiros. foi registrada falta de alimentos e combustível
em vários estados. Na Bahia, a previsão do Sindicato de Combustíveis da Bahia
(Sindicombustíveis) é que 80% dos postos podem ficar sem estoque se o movimento
perdurar nesta sexta, 25.
Em Brasília, postos
fecharam porque o estoque de combustível zerou. Filas de dezenas de carros se
formaram nos postos que ainda têm gasolina em seus estoques.
Em São Paulo, o
presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do
estado, José Alberto Paiva Gouveia, informou que, desde o início dessa quarta
os postos de abastecimento do estado não receberam combustível e há estoque
para operar só por até três dias.
No Rio de Janeiro, de
acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Município
(Sindcomb), ao menos metade dos postos da capital estará, nesta quinta-feira,
sem algum dos três combustíveis: gasolina, diesel ou etanol. Também começa a
faltar gás de cozinha na cidade, pois os caminhões trazendo botijões ficaram
retidos nos pontos de mobilização nas rodovias, o que praticamente zerou o
estoque dos distribuidores do produto.
A TARDE
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