Empossado nesta
segunda-feira (28), o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Ronaldo
Fonseca, já pediu publicamente a renúncia do presidente Michel Temer do cargo.
Deputado licenciado, ele atuou na Câmara a favor do ex-presidente da Casa
Eduardo Cunha (MDB-RJ), defendeu a prisão de um general do Exército, declarou
voto para presidente no senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que faz oposição a
Temer, e foi contra a reforma da Previdência.
“Se Temer não
renunciar, a economia vira pó”, escreveu Fonseca em sua conta oficial no
Twitter em 18 de maio de 2017, um dia após a divulgação da delação do Grupo
J&F. “Presidente Temer, neste momento o Brasil merece um ato de coragem de
vossa excelência, a renúncia”, publicou no dia seguinte.
O novo ministro
manteve o pedido após divulgação do áudio da conversa entre Temer e o
empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu. “O áudio de Temer não confirma
todo o divulgado, mas conspira contra a ética de um presidente da República”,
tuitou no dia 19.
Apesar das críticas,
Fonseca votou na Câmara a favor do presidente nas duas denúncias oferecidas
pela Procuradoria-Geral da República. “Acatar a denúncia contra Temer é dar a
ele o foro privilegiado. Suspender a denúncia é dar a ele o julgamento pelo
juiz Moro”, tuitou em 25 de outubro, dia da votação da segunda denúncia.
Ao citar argumento do
governo em defesa de mudanças nas regras previdenciárias, escreveu no Twitter
que “é bem questionável essa informação de déficit na Previdência”.
Fonseca também pediu
a prisão do então general Antonio Mourão quando ele sugeriu uma intervenção
militar caso o Judiciário não resolvesse o “problema político”. Mourão já
passou para a reserva. “General na ativa que ameaça quebrar a ordem democrática
não tem que ser criticado pelo comando do Exército, tem de ser preso”, postou
em 18 de setembro.
Até assumir o
ministério, Fonseca era filiado ao Podemos e tinha declarado voto no
presidenciável do partido, senador Alvaro Dias Ele, porém, foi desfiliado da
legenda após anunciar que viraria ministro.
Evangélicos – A
escolha do deputado foi um aceno de Temer aos evangélicos, um dos principais
alvos do ex-ministro Henrique Meirelles, pré-candidato à Presidência pelo MDB.
O novo ministro é coordenador da bancada da Assembleia de Deus na Câmara dos
Deputados.
Ao nomear Fonseca,
Temer também enfraquece Dias, já que o novo ministro era um dos principais
articuladores da pré-campanha do senador.
Nesta segunda, na
posse, Temer disse que Fonseca tem “vocação para o diálogo e para a
conciliação”. Afirmou ainda que, na Câmara, angariou “respeito do Congresso e
do povo”.
Questionado na
segunda, Fonseca declarou que “ingressa no governo por ter ótimo trânsito com
os políticos, aspecto importante para a coordenação do maior programa do
governo federal, o Avançar”.
O novo ministro
assumiu a Secretaria-Geral no lugar de Moreira Franco, que foi para o
Ministério de Minas e Energia.
ESATADAO CONTEUDO
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