A esofagite é uma inflamação do esôfago (canal que conduz o alimento até o estômago). Quando não diagnosticada e tratada precocemente, causa alterações em sua estrutura, bem como em sua função.
Dentre os sintomas que podem caracterizar a condição está uma dor no peito referente à azia gerada pelos problemas de deglutição que são causados. Ela afeta, em grande parte dos casos, pessoas na faixa dos 55 anos de idade ou mais.
Esofagite por infecção
A simples presença de uma bactéria, um vírus ou um fungo pode ocasionar uma esofagite. Casos de esofagite por infecção são extremamente raros e normalmente ocorrem em pessoas que possuem o seu sistema imunológico enfraquecido devido a alguma outra doença, como a AIDS (HIV) ou algum tipo de câncer.
Normalmente, uma infecção no esôfago ocorre devido a um fungo já presente na boca, o Candida albicans, porém pode ser desenvolvido por diversos outros tipos de agentes infecciosos.
Esofagite por irritação
Mais de um fator pode desenvolver uma esofagite, pois basta uma pequena irritação para a inflamação aparecer na região do esôfago. Irritações que normalmente levam a um caso de esofagite podem ser devidas a:
Doença por Refluxo Gastroesofágico (DRGE);
Vômitos;
Cirurgia;
Alergia a determinados alimentos;
Uso de anti-inflamatórios;
Ingerir um comprimido relativamente grande com pouca ou nenhuma água;
Hérnias, principalmente a de hiato;
Engolir uma substância tóxica;
Lesão por radiação que pode ocorrer por conta de tratamentos para câncer.
Confira abaixo as classificações que a esofagite pode ter devido a esses agentes irritantes.
Esofagite de refluxo
Ao fim do esôfago, uma estrutura semelhante a uma válvula, chamada esfíncter, se faz presente. O esfíncter possui a função de manter o conteúdo ácido do estômago dentro dele, porém, quando não consegue permanecer fechado, o conteúdo retorna ao esôfago (refluxo gastroesofágico).
Quando essa situação se dá de forma recorrente, a condição passa a ser chamada de Doença por Refluxo Gastroesofágico, que possui, por sua vez, uma inflamação crônica no tecido do esôfago como complicação.
Esofagite eosinofílica
A esofagite eosinofílica acontece por conta da grande quantidade de glóbulos brancos presentes na região, provavelmente em resposta a algum alérgeno ou refluxo ácido que tenha acontecido.
A principal causa de grande parte dos casos desse tipo de esofagite é alguma alergia a determinados alimentos, como leite, trigo ou amendoim. Porém, essas alergias podem ser advindas de outros itens que não alimentares, como o pólen ou alguma substância tóxica.
Esofagite induzida por medicamentos
Diversos são os medicamentos que podem desencadear uma esofagite. Isso se deve ao fato da permanência do produto em contato com o revestimento do esôfago por muito tempo.
Um exemplo nítido disso é a ingestão de um comprimido com pouca ou nenhuma água, o que pode ocasionar a entalação do mesmo no esôfago, gerando, assim, a inflamação característica da doença.
Graus da esofagite
A esofagite pode ser classificada em diferentes graus, o que irá depender da severidade de cada caso. Atualmente, há dois tipos de sistema que pode fazer essa avaliação: o de Savary-Miller e o Sistema de Classificação Los Angeles.
Savary-Miller
O sistema de Savary-Miller classifica a esofagite em quatro graus distintos (de I a IV):
Grau I: uma ou mais manchas avermelhadas não confluentes, com ou sem exsudato (líquido produzido em reação a danos nos tecidos e vasos sanguíneos).
Grau II: lesões erosivas e exsudativas que podem ser confluentes, mas não circunferenciais.
Grau III: erosões circunferenciais cobertas por exsudatos hemorrágicos e pseudomembranosos.
Grau IV: presença de complicações crônicas, como úlceras profundas.
Sistema de Classificação Los Angeles
Esse sistema também classifica a esofagite em quatro graus diferentes (de A a D):
Grau A: uma (ou mais) ruptura não superior a 5mm que não se estende entre as partes superiores de duas dobras da mucosa.
Grau B: uma (ou mais) ruptura com mais de 5mm que não se estende entre as partes superiores de duas dobras da mucosa.
Grau C: uma (ou mais) ruptura contínua entre os topos de duas ou mais dobras da mucosa. Envolvem menos de 75% da circunferência.
Grau D: uma (ou mais) ruptura que envolve, no mínimo, 75% da circunferência do esôfago.
Fatores de risco
Os fatores de risco que podem facilitar o desenvolvimento de uma esofagite irá depender muito do tipo da doença que desenvolveu. Confira os principais abaixo:
Esofagite de refluxo
O refluxo gastroesofágico pode ser desencadeado pelas seguintes práticas:
Deitar-se imediatamente após comer;
Fazer refeições com alta taxa de gordura e em grande quantidade;
Consumir alguns fatores dietéticos, como excesso de álcool, cafeína e chocolate.
Esofagite eosinofílica
Fatores de risco para esse tipo de esofagite podem ser:
Histórico de reações alérgicas, incluindo rinite, asma e dermatite atópica;
Histórico familiar de esofagite eosinofílica.
Esofagite induzida por medicamentos
Grande parte dos fatores de risco de uma esofagite induzida por medicamentos é devida de problemas que impedem a passagem rápida e completa de um comprimido pelo esôfago. Esses fatores podem ser:
Engolir um comprimido com pouca ou nenhuma água;
Tomar medicamentos enquanto está deitado;
Tomar medicamentos logo antes de dormir, pois a produção de saliva é menor, o que impede a deglutição completa do fármaco;
Comprimidos grandes ou de formas exóticas;
Idade mais avançada, possivelmente pelas alterações relacionadas à idade no músculo do esôfago ou à produção menor de saliva.
Esofagite infecciosa
Esse tipo de esofagite normalmente está associado a medicamentos ou certas doenças, como o diabetes. Outras causas, porém, podem estar relacionadas com a baixa imunidade do indivíduo, causada, muitas vezes, pelo vírus HIV ou certos cânceres. O tratamento para câncer também é um alto fator de risco para enfraquecer o sistema imunológico.
Sintomas da esofagite
Os sintomas da esofagite são, muitas vezes, semelhantes aos do refluxo gastroesofágico, porém um pouco mais intensos. Além desses, pode ser que outros sintomas venham a aparecer, como dificuldade na deglutição e mau hálito.
Sintomas semelhantes ao refluxo gastroesofágico
Entre esses sintomas, estão:
Azia, que começa na altura do estômago e pode atingir a garganta;
Dor no peito, às vezes tão intensa que chega a ser confundida com a dor da angina ou do infarto;
Dor nas costas (dorsalgia), irradiada da dor no peito.
Demais sintomas
Além dos sintomas já citados, pode haver a presença de outros, tais como:
Disfagia (dificuldade para engolir);
Sangue nos vômitos e fezes, quando a inflamação é mais acentuada;
Gosto amargo na boca;
Mau hálito;
Rouquidão;
Dor de garganta;
Tosse.
Sintomas em crianças
Muitas vezes, crianças pequenas não conseguem explicar exatamente o que sentem quando estão com dor. Portanto, fique atento em dois sinais que elas podem apresentar em caso de esofagite:
Dificuldade em se alimentar;
Problemas de crescimento, devido à dificuldade na alimentação.
Como a esofagite é diagnosticada?
O médico especialista que cuida da parte digestiva de nosso organismo chama-se gastroenterologista. Portanto, será com ele que o diagnóstico e tratamento para esofagite serão realizados.
Há dois tipos de exames que podem ser realizados a fim de detectar alterações no esôfago e, assim, diagnosticar de forma precisa a inflamação nele. Veja:
Raio-X de bário
Para esse exame, o paciente ingere uma solução que contém composto de bário ou toma uma pílula que seja revestida com o elemento, o qual irá tornar o revestimento do esôfago e do estômago visíveis. Com isso feito, as imagens que surgirão podem ajudar a identificar quaisquer alterações na estrutura, desde estreitamento até tumores ou outras anormalidades.
Endoscopia
Durante uma endoscopia, o médico insere um tubo longo e fino, equipado por uma câmera bem pequena, por dentro de sua garganta. Com esse instrumento, o especialista terá como ver algum tipo de alteração no músculo do esôfago, bem como coletar algumas amostras para análise (biópsia) do tecido lesionado.
A biópsia normalmente é realizada para:
Diagnosticar uma infecção bacteriana, viral ou fúngica;
Determinar a quantidade de glóbulos brancos relacionados à alergia possivelmente causada;
Identificar células anormais que indicam câncer de esôfago ou alterações pré-cancerosas.
Esofagite tem cura? Qual o tratamento?
Para que a cura da esofagite seja alcançada, é preciso que ela seja diagnosticada e tratada corretamente o quanto antes. No caso do tratamento, é preciso, primeiro, descobrir o que causou a doença. Feito isso, o passo a passo para tratar a inflamação torna-se mais simples e direto.
Esofagite de refluxo
Para esse tipo de esofagite, os seguintes tratamentos podem ser indicados:
Medicamentos que controlam a acidez
Dentre esses medicamentos, você pode fazer uso dos seguintes:
Antiácidos, como o Mylanta Plus e Maalox;
Redutores da produção de ácido, como a cimetidina e a ranitidina;
Bloqueadores da produção de ácido, como o lansoprazol e omeprazol.
Medicamentos por prescrição médica
Dependendo do seu caso de esofagite, o médico poderá receitar outros tipos de medicamentos para o seu tratamento:
Redutores da produção de ácido, como a famotidina, nizatidina e ranitidina;
Inibidores da bomba de protões, como esomeprazol, lansoprazol, omeprazol, pantoprazol, rabeprazol e dexlansoprazol.
Cirurgia
Caso nenhum dos tratamentos anteriores surta efeito no paciente, a cirurgia poderá ser indicada. Nela, uma parte do esôfago é enrolada em volta do esfíncter, fortalecendo-o e garantindo a sua função retomada.
Esofagite eosinofílica
Como esse tipo de esofagite é causado por reações alérgicas, os melhores meios de tratamento são:
Inibidores da bomba de protões
Alguns medicamentos poderão ser indicados pelo médico, como:
Esomeprazol;
Lansoprazol;
Omeprazol;
Pantoprazol;
Rabeprazol;
Dexlansoprazol.
Esteróides tópicos ingeridos
Normalmente utilizados no controle da asma, esses esteróides são inalados e atuam diretamente nas vias aéreas. Esse tipo de administração (inalação) possui menos chances de desencadear efeitos colaterais graves comparado com a ingestão de pílulas de esteróides orais.
Dieta de eliminação de alimentos
Se a causa da reação alérgica for um alimento, a sua eliminação da dieta é fundamental. Porém, se não há o conhecimento de qual alimento, especificamente, causa a esofagite, um teste deverá ser realizado.
Esse teste consiste em tirar, de uma só vez, os alimentos alérgenos de sua dieta. Então, aos poucos, esses alimentos vão sendo readicionados na dieta. Ao aparecimento de qualquer sinal de alergia, retira-se o alimento novamente.
Esofagite induzida por medicamento
Para evitar o desenvolvimento de um problema maior relacionado à ingestão de medicamentos, o médico poderá recomendar os seguintes itens:
Fazer uso de um medicamento que seja menos provável de causar esofagite;
Tomar o medicamento na versão líquida, quando possível;
Beber um copo de água inteiro quando for tomar o medicamento;
Ficar sentado ou em pé, por pelo menos, 30 minutos após a ingestão do medicamento.
Esofagite infecciosa
O médico irá prescrever a medicação adequada para tratar a infecção causadora da esofagite. Dentre as opções, esse medicamento poderá ser um antibiótico, antiviral ou antifúngico.
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Tratamento alternativo
Não há comprovação alguma de que estes tratamentos alternativos possuem alguma eficácia perante o tratamento. Porém, quando utilizados de maneira conjunta aos tratamentos médicos, podem aliviar alguns dos sintomas da doença.
Remédios herbais
Utilizados normalmente para aliviar os sintomas do refluxo gastroesofágico, os remédios herbais incluem alcaçuz, camomila e olmo escorregadia. Alguns desses remédios podem causar efeitos colaterais relevantes e, também, fazer interação com algum tipo de medicamento. Portanto, sempre consulte o seu médico antes de fazer uso de qualquer tipo de remédio.
Terapias relaxantes
Algumas técnicas são super eficientes para aliviar o estresse e a ansiedade, o que, por sua vez, podem reduzir os sintomas de azia e refluxo.
Acupuntura
Alguns pacientes que passaram por uma esofagite afirmam que fazer acupuntura pode ajudar com regurgitação e azia, porém não há nenhum estudo que comprove de fato isso.
Chás e sucos
Alguns líquidos, por conta da natureza de seus ingredientes, servem como antiácidos naturais. São eles:
Chá de alface;
Chá de batata;
Suco de melão.
Complicações e Prognóstico
O prognóstico da doença depende muito de como ela foi tratada e do quanto o paciente colaborou para que a administração fosse a melhor possível. No entanto, a maioria dos pacientes melhoram com o tratamento imposto pelo médico e se recuperam em torno de três a cinco dias.
Quando não tratada corretamente, a esofagite pode causar algumas complicações graves, como estas descritas abaixo.
Esôfago de Barret
Essa complicação é devida à Doença por Refluxo Gastroesofágico crônica e é caracterizada pela mudança das células que alinham o fundo do esôfago. Devido ao refluxo, essas células se irritam, podendo causar, até mesmo, um câncer de esôfago.
Estenose esofágica
A estenose é o estreitamento do esôfago, tornando a passagem de alimentos e bebidas muito mais difícil. Nesse caso, a comida pode ficar presa na região.
Anéis esofágicos
Um anel de tecido no interior do esôfago (parte inferior) se desenvolve, estreitando a passagem e bloqueando, parcialmente, a região.
Como prevenir a esofagite?
Para prevenir o desenvolvimento de uma esofagite, algumas dicas são válidas de seguir durante o seu dia a dia:
Evitar comidas que podem causar um refluxo;
Tenha bons hábitos referentes à ingestão de medicamentos;
Perca peso;
Pare de fumar, caso o faça;
Evite certos tipos de medicamentos, como analgésicos e antibióticos, caso tenha uma ampliação do átrio (parte superior esquerda do coração) ou após uma cirurgia cardíaca;
Evite se inclinar ou dobrar, principalmente após comer;
Evite se deitar logo após comer;
Levante a cabeceira de sua cama em 15 a 20 cm para evitar o refluxo enquanto estiver dormindo.
A esofagite, por mais que aconteça mais frequentemente em pessoas com 55 anos ou mais, é uma doença que acarreta qualquer idade e possui diversas causas. Compartilhe esse texto com seus familiares e amigos para que mais pessoas tenham acesso às informações!
FONTE: MINUTO SAUDÁVEL
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