O Brasil registra uma
morte por acidente de trabalho a cada 3 horas e 40 minutos. Segundo o
Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, entre 2012 de 2018 foram
contabilizados 17.200 falecimentos em razão de algum incidente ou doença
relacionados à atividade laboral. Neste domingo, é comemorado o Dia Mundial e
Nacional de Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças de Trabalho, uma data
criada para alertar a sociedade sobre o problema.
No comparativo por
anos, houve queda nos registros, com 2.659 casos em 2014; 2.388 em 2015; 2.156
em 2016; 1.992 em 2017; e 2.022 em 2018. Já os acidentes de trabalho são mais
frequentes e ocorrem a cada 49 segundos. No mesmo período, foram registrados 4,7
milhões incidentes deste tipo, conforme o Observatório.
Os tipos de lesão
mais comuns foram corte e laceração, com 734 mil casos (21%). Em seguida, vêm
fraturas, com 610 mil casos (17,5%), contusão e esmagamento, com 547 mil
(15,7%), distorção e tensão, com 321 mil (9,2%) e lesão imediata, com 285 mil
(8,16%). As áreas mais atingidas foram os dedos (833 mil incidentes), pés (273
mil), mãos (254 mil), joelho (180 mil), partes múltiplas (152 mil) e
articulação do tornozelo (135 mil).
As áreas com maior
incidência de acidentes de trabalho foram atendimento hospitalar (378 mil),
comércio varejista, especialmente supermercados (142 mil), administração
pública (119 mil), construção de edifícios (106 mil), transporte de cargas (100
mil) e correio (90 mil). Já no ranking por ocupação, as ocorrências mais
frequentes foram as de alimentador de linha de produção (192 mil), técnico de
enfermagem (174 mil), faxineiro (109 mil), servente de obras (97 mil) e
motorista de caminhão (84 mil).
Entre os homens, os
acidentes foram mais frequentes na faixa etária dos 18 aos 24 anos. Já entre as
mulheres, no grupo de 30 a 34 anos.
Na distribuição
geográfica, os estados com maior ocorrência destes incidentes foram São Paulo
(1,3 milhão), Minas Gerais (353 mil), Rio Grande do Sul (278 mil), Rio de
Janeiro (271 mil), Paraná (269 mil) e Santa Catarina (185 mil).
Para além dos
impactos principais e graves dos danos à vida e à integridade de trabalhadores,
os acidentes de trabalho também trazem outras consequências. No período monitorado
pelo Observatório, 351 milhões de dias de trabalho foram “perdidos” em razão
dos afastamentos. Os gastos estimados neste mesmo intervalo chegaram a mais de
R$ 82 bilhões.
Na avaliação do
coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, do Ministério
Público do Trabalho, Leonardo Mendonça, o Brasil ainda tem muito o que avançar.
Mendonça diz que, a despeito do discurso das empresas considerar a importância
da segurança nos locais de trabalho, a preocupação com a produção ainda vem em
primeiro lugar.
O procurador
argumenta que empregadores devem investir tanto em prevenção como no
fornecimento de materiais de segurança. “O ideal é ter um ambiente de trabalho
organizado não apenas no sentido de um local limpo, mas saudável, que não seja
propenso a adoecimentos”, defendeu, em entrevista á Agência Brasil.
Segundo o procurador,
a construção desse ambiente para evitar acidentes e adoecimentos envolve uma
preparação do conjunto das empresas, inclusive a formação de seus funcionários
e pessoas em postos de chefia. “É preciso fazer capacitações com todos os
setores da empresa. Desde o topo até o funcionário de chão de fábrica para que
tenha carimbo de que realmente ela se preocupa com saúde”, argumenta.
Em abril, foi lançada
a Campanha de Prevenção a Acidentes de Trabalho (Canpat 2019), uma iniciativa
conjunta do governo federal, Ministério Público do Trabalho e entidades
patronais e de empregadores. O objetivo da iniciativa foi alertar para o
problema e estimular empregadores e trabalhadores a construírem ambientes mais
saudáveis.
A TARDE/Agência Brasil
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