A hipertensão,
popularmente conhecida como pressão alta, atinge mais de 36 milhões de brasileiros,
segundo o Ministério da Saúde. A novidade, que muita gente ainda desconhece, é
em relação à redução dos índices de diagnóstico da doença. Atualmente, uma
pessoa já é considerada hipertensa a partir de 13 por 8. Antes, os valores de
referência eram 14 por 9.
De acordo com a
cardiologista do Hospital São Rafael (HSR), Carolina Thé, “esta mudança
pontuada pela Sociedade Americana de Cardiologia exige ainda mais atenção, uma
vez que aumenta a incidência do problema de 32% para 46% da população, principalmente
em indivíduos jovens, sendo esperado um aumento de prevalência três vezes maior
em homens e duas vezes maior em mulheres abaixo dos 45 anos”.
A médica ainda
explica que existe uma associação direta e linear entre o envelhecimento e o
predomínio da doença, sobretudo por conta do aumento da expectativa de vida dos
brasileiros (74,5 anos), pois a pressão arterial tende a aumentar naturalmente
com o avanço da idade, notadamente em pessoas acima de 60 anos. Outro dado
importante é em relação ao gênero. “Estudos apontam que as mulheres ainda
continuam com maior prevalência de diagnóstico médico de hipertensão arterial
quando comparadas aos homens, tendo registrado 26,4% contra 21,7% para eles”,
ressalta a cardiologista.
Considerada uma
doença silenciosa por não apresentar sintomas iniciais, a hipertensão dá sinais
somente após anos de convivência com o problema. Dores no peito, falta de ar,
tontura, zumbido, cefaleia e sangramento nasal são alguns dos indícios. Em
situações mais complexas, quando não tratada, pode provocar infarto, acidente
vascular cerebral (AVC) e doenças renais, sendo responsável por 50% das mortes
por doença cardiovascular. “É importante lembrar também dos fatores de risco,
como obesidade, intolerância à glicose e diabetes mellitus. Quando a
hipertensão está associada a essas condições, também pode ser agravada”, pontua
Carolina Thé.
Diagnóstico
Para fins
diagnósticos, a pressão arterial deve ser medida por, no mínimo, duas vezes em
ambos os braços, com o preparo adequado do paciente. A depender do nível
pressórico inicial e fatores de risco, o diagnóstico pode ser firmado já na
primeira consulta. “Em casos de pacientes que não possuem alto risco
cardiovascular, mas têm níveis pressóricos limítrofes para o diagnóstico da
doença, esse procedimento deve ser repetido em outra consulta e/ou devendo ser
considerado o uso de métodos fora do consultório que auxiliam no diagnóstico.
Esse processo pode ser realizado pelo paciente que já tem o equipamento em
casa, o que chamamos de MRPA ou medida residencial de pressão arterial”,
explica a cardiologista.
Ainda segundo a
médica, existe também a MAPA, que é a monitorização ambulatorial de pressão
arterial, por 24 horas, que tem a finalidade de registrar automaticamente a
média das pressões durante o período em que o paciente fica acordado e também
durante o sono. O dispositivo é colocado no consultório e o paciente vai para
casa, com retorno no dia seguinte para avaliação. O tratamento pode ser
medicamentoso, com a implementação de mudança de estilo de vida ou fazendo a
associação de ambos.
Prevenção
Quem pensa que o sal
é o único vilão da pressão alta, está enganado. Sedentarismo, ingestão
excessiva de bebidas alcoólicas, tabagismo, consumo de produtos
industrializados e histórico familiar contribuem para o diagnóstico da doença,
que não tem cura, mas tem tratamento. “É possível evitar ou controlar a doença
mantendo hábitos de vida saudáveis, que envolvem a alimentação, o físico e o
mental”, ressalta a cardiologista.
Mito ou verdade?
- Retirar somente o
sal da alimentação evita o aumento da hipertensão.
Mito. A redução do
sal da dieta auxilia no controle da hipertensão, mas isoladamente não é
suficiente. A mudança no estilo de vida com redução da ingestão de gorduras
saturadas, tabagismo, sedentarismo, além de medicação (quando indicada), devem
ser associadas para melhor controle da hipertensão.
- Hipertensão tem
cura.
Mito. Na maioria das
vezes, a hipertensão é uma doença crônica a qual pode ter controle, mas não
cura. A exceção são os casos de hipertensão ditas secundárias, nas quais é
identificada uma causa orgânica para a doença que pode ser corrigida.
- Os homens são mais
hipertensos do que as mulheres.
Mito. De acordo com o
Ministério da Saúde, as mulheres ainda continuam com maior prevalência de
diagnóstico médico de hipertensão arterial quando comparadas aos homens, tendo
registrado 26,4% contra 21,7% para eles.
- Estresse aumenta a
pressão arterial.
Depende. Não existe
estudo que demonstre que o estresse isoladamente eleve a pressão arterial, mas
sim que ele age como cofator no aumento da pressão arterial em associação a
outros fatores de risco como sedentarismo, obesidade, tabagismo e histórico
familiar.
- A hipertensão é uma
doença silenciosa, ou seja, praticamente não apresenta sintomas.
Depende do nível
pressórico. Na maioria das vezes pode ser silenciosa, mas com a evolução da
doença, consequências mais sérias podem surgir, levando a AVC, Doença Isquêmica
do Coração (infarto) e insuficiência renal.
TRIBUNA DA BAHIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário