domingo, 28 de abril de 2019

Prematuros apresentam mais risco de hidrocefalia



Mesmo com os avanços na medicina neonatal, os bebês que nascem prematuros (pré-termo), ou seja, com idade gestacional inferior a 37 semanas e peso inferior a 2,5 kg, apresentam um risco aumentado para algumas condições, como a hidrocefalia, acúmulo anormal de líquido cefalorraquidiano (LCR) na cavidade craniana. No período neonatal, a incidência de hidrocefalia é de 0,48 a 0,81 por 1000 nascidos vivos.

A hidrocefalia pode ser caracterizada como a acumulação do líquido cefalorraquidiano (LCR ou líquor) nas cavidades ventriculares cranianas, causando aumento na pressão intracraniana sobre o cérebro, podendo gerar lesões no tecido cerebral, bem como o aumento e inchaço do crânio. O líquido cefalorraquidiano banha o cérebro e a medula espinhal a fim de evitar eventuais traumas ou choques sobre o sistema nervoso central. Ele é produzido e absorvido pelos ventrículos localizados no crânio, através da corrente sanguínea. Quando há obstruções nos pequenos orifícios pelos quais circula, o processo pode ser dificultado.

As causas mais comuns da doença em recém-nascidos prematuros são as hemorragias intracranianas, ligadas a 90% dos casos. “A hemorragia intracraniana é uma condição grave, que precisa de tratamento imediato para evitar ou minimizar possíveis sequelas neurológicas futuras, como paralisia cerebral, déficit intelectual, motor e atrasos no neurodesenvolvimento em geral”, comenta a neuropediatra Andrea Weinmann.

Segundo a médica, as estruturas cerebrais nos bebês pré-termo são imaturas, ou seja, não estão totalmente desenvolvidas, especialmente nas áreas em que acontece a proliferação celular e vascular do cérebro, chamada de matriz germinativa. “Os vasos sanguíneos num bebê prematuro são muito finos e podem se romper facilmente com qualquer alteração no fluxo sanguíneo, evoluindo para a hidrocefalia secundária em alguns casos”, explica.

Há uma estimativa de que a hemorragia intracraniana afete de 20 a 40% dos recém-nascidos que nascem com menos de 1,5 kg. Os primeiros três ou quatro dias de vida são críticos, pois é nesse período que há maior risco de acontecer uma hemorragia cerebral, sendo as primeiras 24 horas decisivas.

O quadro clínico, assim como o tratamento, irá depender da gravidade da hemorragia. O método mais usado para diagnosticar é o ultrassom transfontanelar. Quando a hemorragia já chegou nos graus III e IV, os mais graves, pode levar a danos no cérebro de forma crônica.

Nesses casos, os bebês são monitorados para detectar e tratar a hidrocefalia pós-hemorrágica de forma precoce. “O tratamento mais usado é a Derivação Ventrículo-Peritoneal (DVP), um dispositivo usado para aliviar a pressão intracraniana causada pelo acúmulo de líquido. O sistema irá drenar o líquor e enviá-lo para outras partes do corpo, geralmente para a região peritoneal”, explica o Dr. Iuri Weinmann.

Para dar início ao procedimento, é feita uma pequena incisão atrás da orelha e um pequeno orifício no crânio, para inserção do cateter que irá drenar o líquido. Esse cateter se estende até o abdômen, permitindo que o excesso de líquido seja drenado para a cavidade abdominal, onde será absorvido. É colocada uma espécie de válvula em ambos os cateteres que é ativada quando o líquido aumenta. Após esse procedimento, o bebê terá acompanhamento médico, como explica Andrea. “Depois do processo cirúrgico, por ser prematuro, o bebê ficará internado para fazer um exame de controle, sendo acompanhado por um neuropediatra e por um neurocirurgião, que irão avaliar outros possíveis retornos”.

A hidrocefalia pode deixar sequelas neurológicas, mas isso vai depender de uma série de fatores. Entre as sequelas, pode-se citar atraso no desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem, paralisia cerebral e déficit intelectual. Por isso os bebês que apresentam a hidrocefalia devem ser acompanhados por equipe multiprofissional com neurologista infantil e neurocirurgião.




Nágila Santana l A TARDE SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comunicação Web

homem é morto na varanda de sua residência em Irara

  Na noite passada (13), por volta das 20h, um homem de 30 anos foi encontrado morto na varanda de sua residência na Fazenda Boa Vista, muni...