terça-feira, 14 de julho de 2020

Voluntários ainda podem se candidatar para teste da vacina




Ainda não há prazo de encerramento das inscrições para se voluntariar ao teste da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e aplicada em Salvador. Quatro países foram escolhidos para testagem de 50 mil voluntários.


Para fazer parte do estudo restrito aos profissionais de saúde ou pessoas que tenham alta exposição ao vírus, o candidato deve preencher um formulário disponibilizado pelo Instituto D’Or, que no Brasil, junto à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) atua na pesquisa.


Aquele que quiser se candidatar deve ter entre 18 e 55 anos. O recrutamento acontece através do site onde se preenche um formulário com 18 perguntas. Se as respostas estiverem dentro dos critérios do estudo, o candidato pode ser convidado para participar.


Na capital baiana, pelo menos mil pessoas serão recrutadas, mas esse número pode aumentar. Desse total, 500 receberão a vacina desenvolvida pela universidade inglesa e, outras 500, uma vacina de controle, sem potencial contra o vírus.


O Instituto D’or – que na capital administra o Hospital São Rafael – junto à Unifesp, foi convidado pela Oxford para atuar na pesquisa. O diretor de comunicação Cláudio Ferrari explica que o objetivo agora é avaliar a segurança e eficácia da vacina, já testada em 6 mil ingleses.


“Essa é a terceira fase. Ela já foi testada em animais e depois em um pequeno grupo de voluntários. Agora um grande grupo que envolve Brasil, África do Sul, Estados Unidos e Reino Unido para ver a capacidade da vacina de provocar uma resposta imunológica que será acompanhada laboratorialmente”, explicou.


O instituto não divulga quantas pessoas já se candidataram para o estudo que acontece aqui no Brasil, além de Salvador, no Rio de Janeiro e em São Paulo.


De acordo com o diretor, no Rio de Janeiro, o número de inscritos já é muito maior do que o número de vagas o que não quer dizer que as pessoas devam deixar de se candidatar.


“Isso por que muitas pessoas se inscrevem, mas acabam não sendo aproveitadas ou porque não estão expostas ao risco, ou quando entendem que tem 50% de chance deles não receberem a vacina, desistem. Por isso, insistimos no caráter altruísta. Pessoas com desejo de participar e colaborar por que o pior que pode acontecer é alguém tomar a vacina e sumir do mapa, não seguir com a gente. Esse é o pior cenário”, contou ressaltando o fato de que os voluntários serão acompanhados durante 12 meses pelo instituto.


Resultados


A infectologista Clarissa Cerqueira vê com positividade o estudo. Para ela, o fato da vacina ter ultrapassado a fase dos testes pré-clínicos demonstra o avanço das pesquisas e pode indicar bons resultados, mas é preciso ter cautela quando se trata da ciência.


A especialista ressalta a necessidade que os voluntários terão de se comprometer com o estudo. “Não é simplesmente receber a vacina e pronto. Tem que ser acompanhado periodicamente para avaliar se a doença se desenvolveu ou não”, explica.


De acordo com a infectologista, apesar dos avanços, ainda não é possível ter a certeza da eficácia da vacina que, quando testada, apresentou reações como dores no local da injeção e um leve quadro febril no dia seguinte a aplicação.


“Só com o tempo é possível avaliar a eficácia. Se for uma vacina que tiver muitas reações adversas e tiver uma resposta ou eficácia baixa, fazendo com que apenas 20% das pessoas produziram anticorpos, por exemplo, talvez não seja algo interessante. Temos que aguardar”, disse.



A TARDE /Sob a supervisão da editora Meire Oliveira

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