Afase 1 do protocolo de retomada das atividades econômicas em Salvador
teve seu início na manhã desta sexta-feira (24), após a taxa de ocupação de
leitos de UTI — atualmente em 73% — se manter abaixo de 75% nos últimos cincos
dias. Com isso, shopping centers, estabelecimentos comerciais e igrejas puderam
reabrir suas portas após mais de 120 dias de fechamento por conta da pandemia
da Covid-19.
O BNews acompanhou a
reabertura em diversos pontos da capital baiana e flagrou clientes
chegando até três horas antes do início do horário de funcionamento dos centro
comerciais, além de longas filas nas entradas dos estabelecimentos. Apesar
disso, dentro dos shoppings e das lojas, a regulação da entrada dos clientes e
as outras medidas definidas através de protocolos diluíram a aglomeração e o
risco de contágio nos locais.
Confira: galeria de fotos da
reabertura dos shoppings em Salvador
Diretor do Shopping da Bahia, um dos maiores centros comerciais do
estado, Ewerton Visco ressalta que o protocolo adotado por eles foi planejado
cuidadosamente desde o início da pandemia e definido após diversas
discussões com o poder público.
"Nós ficamos quatro meses nos preparando para abrir. Desde o
primeiro momento começamos a preparar o nosso protocolo. Passamos pelo menos
três meses discutindo com a prefeitura. O que o cliente vai achar aqui é um
ambiente higienizado, desinfectado, com marcações no piso, banheiros, temos 90
pontos de álcool em gel espalhados pelo shopping, lojas definidas sobre quantas
pessoas podem entrar por vez", disse o dirigente.
Karina Dourado, gerente de marketing do Salvador Shopping, afirmou que o
centro comercial elaborou dezenas de normas para evitar a proliferação do
coronavírus no retorno das atividades.
“Nós adotamos mais de 50 medidas operacionais para que possamos seguir
realmente todos os protocolos estipulados pelos órgãos públicos. Temos cuidado
desde a cancela, em que o cliente não precisa tocar em nada para pegar seu
cartão, que são 100% higienizados. Todas as entradas têm tapetes
antibactericida, o shopping inteiro está sinalizado adequadamente, temos
campanhas educativas para conscientizar os clientes, entre outras medidas”,
explica.
Gerente de marketing do Shopping Barra, Karina Brito destaca que, apesar
do funcionamento quase que normal do estabelecimento, a praça de alimentação
ainda não se enquadra nas atividades permitidas pela fase 1 do protocolo de
retomada definido pela prefeitura da capital baiana, seguindo com seu
funcionamento de forma especial.
"Voltamos a funcionar com muita segurança, com protocolos rígidos
já implantados. Foram mais de 120 dias pensando com muito carinho, garra e
trabalho diariamente sobre esse retorno. Nossas medidas vão desde a sinalização
até restrições nos elevadores e escadas rolantes, assim como o horário de
funcionamento do shopping. Inclusive, vale até ressaltar que o segmento de
alimentação só está funcionando através do sistema de take away e delivery, ou seja, não pode
comer dentro das instalações do shopping”, informa a gerente.
Apesar da não-abertura dos restaurantes localizados nas praças de
alimentação dos shoppings por enquanto, os responsáveis por estes serviços já
estão otimistas com os bons indicativos de queda no número de ocupação dos
leitos, fator preponderante para o avanço de fases no protocolo de reabertura.
"Estamos trabalhando com delivery, mas na verdade este é apenas
para mantermos a marca, mas a demanda ainda é muito pequena. Não foi fácil
esperar mais de 120 dias fechado. Agora é o momento das coisas irem, aos
pouquinhos, voltando. Em questão de mais alguns dias, se as taxas de ocupação
continuarem caindo, os outros segmentos poderão abrir, como o nosso segmento da
alimentação. Foi o pontapé inicial para podermos respirar um pouco”, diz Fernando
Daltro, do restaurante Companhia do Churrasco.
Entre os lojistas, as expectativas pelo retorno são das mais animadas.
Girlene Cunha, gerente de uma loja de perfumes e cosméticos no Shopping Barra,
se diz totalmente tranquila em relação ao vírus por conta da seguridade dos
protocolos adotados pelo shopping e por seu estabelecimento.
“A expectativa da gente para o retorno era muito grande. Me sinto
totalmente segura, até. Talvez nosso protocolo seja até mais rigoroso do que o
do Shopping, que adotou todas as medidas para a segurança tanto dos
funcionários quanto dos clientes, então estamos no aguardo dos clientes”,
afirma Girlene.
Primeiras pessoas
Entre os clientes, a ideia geral sobre a reabertura ainda não é unânime.
Enquanto alguns veem com bons olhos e animação a retomada econômica, outros
ainda se mantém preocupados com os riscos trazidos por eventuais aglomerações
em centros comerciais.
"Expectativa tava muito grande, foi muito tempo trancado em casa.
Muitas pessoas também perdendo o emprego, mas graças a Deus chegamos na
primeira fase, começando tudo a voltar ao normal, com todo mundo se
conscientizando. A gente tem que continuar tomando cuidado, para as coisas
continuarem a melhorar”, afirma Ricardo Pereira, de 18 anos, que foi um dos
primeiros clientes do Shopping Barra desta sexta-feira.
Assim como ele, o músico José Fernandes, de 39 anos, reitera o pedido
para que as pessoas compareçam aos estabelecimentos apenas em casos realmente
necessários, mas pondera que as medidas de segurança adotadas pelos centro
comerciais dão tranquilidade a quem precisar ir nestes locais.
"Eu vim na verdade porque necessitava. Antes da pandemia, eu havia
feito um óculos e não consegui pegá-lo. Então só vim buscar o óculos. A
sensação é de medo ainda, a gente sabe que o vírus não está controlado, então
tentamos sair de casa o mínimo possível e se cuidar. Na verdade, não estou
muito confortável de vir ao Shopping, mas não teve como. Aparentemente, eles se
preparam bem para o retorno, tem o totem com álcool em gel, teve medição de
temperatura, até achei que teria mais gente. Se você tomar os devidos cuidados,
está até tranquilo”, diz o músico que foi ao Shopping Barra.
Para a empresária Gleide Arandiba, o que motivou a ida ao Shopping
da Bahia foi o otimismo da retomado após a crise, além da saudade de poder ter
uma rotina normal, sem impeditivos por conta do medo da contaminação pelo
coronavírus.
"O que me trouxe aqui foi a alegria, porque Salvador voltou a
funcionar. O baiano é compreensível e isso vai ser muito bom pra gente...
Nossa, quero comprar muito, ver o povo, o pessoal, que isso é muito bom. Vou
matar a saudade de tudo, nós baianos precisamos disso", definiu a
empresária.
Transporte público e fases seguintes
Além dos shopping centers, a primeira fase do protocolo de retomada
permite que a frota de ônibus suba para 70%, com 1.514 coletivos em operação,
com três horários de pico. Vale também lembrar que o plano de retomada proposto
em conjunto pela prefeitura de Salvador e pelo governo da Bahia possui três
fases, cada uma precisando respeitar um ciclo de 14 dias entre si para entrar
em vigor.
Na segunda fase, que acontecerá com um índice inferior a 70% de ocupação
das UTIs, devem ser flexibilizados academias de ginástica, barbearias, salões
de beleza, centros culturais, museus, galerias de arte, lanchonetes, bares e
restaurantes. Já a fase 3, que necessita índice menor que 60%, poderão reabrir
com os devidos cuidados parques de diversões e parques temáticos, teatros,
cinemas e casas de espetáculos, clubes sociais, recreativos e esportivos e
centro de eventos e convenções.
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