novo acordo do Grupo
Globo com os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, que começa em 2019,
não contempla pagamento específico da empresa pelo uso da imagem das equipes no
Cartola FC, considerado um serviço de
sucesso dentro da emissora. Isso causa descontentamento em alguns dirigentes
ouvidos pela Folha de S.Paulo. "Não temos contrato com a Globo a partir de
2019. E não faremos um contrato específico para o Cartola. Portanto, o Bahia
estará de fora do Cartola", disse Guilherme Bellintani, presidente do
Bahia.
Fernando Manuel
Pinto, diretor de direitos esportivos do Grupo Globo que negocia com os clubes
os direitos de transmissão, explica que no novo contrato, com validade até
2024, existe uma "nuvem digital" e que as imagens dos clubes usadas
estão incluídas nesse tipo de cláusula. "Todos os nossos acordos, quando a
gente fala dos contratos de TV aberta, TV fechada e pay-per-vew, existem uma
nuvem digital. Os direitos digitais estão nesses acordos e os direitos ligados
às marcas dos clubes também", afirma o diretor.
O Cartola FC é um
jogo virtual inspirado no conceito de Fantasy (fantasia, em inglês), utilizado
nas ligas profissionais dos Estados Unidos. No Brasil, o usuário monta uma
equipe a cada rodada da Série A e soma pontos de acordo com os desempenhos dos
jogadores escolhidos.
A inscrição é
gratuita, mas existe uma versão paga. Neste ano, custa R$ 49,90. Em 2017,
estima-se que o Grupo Globo faturou cerca de R$ 14 milhões com o serviço. O
sucesso surpreendeu executivos da empresa, o que chegou a render menções ao
jogo no Jornal Nacional, o principal telejornal da emissora.
Para viabilizar a
plataforma, o Grupo Globo utiliza os nomes e escudos dos clubes, assim como os
jogadores que fazem parte dos elencos profissionais e os técnicos.
Até o final deste ano,
a Globo tem seis contratos com os 20 clubes da Série A. Um deles envolve a
liberação de imagem que viabiliza o Cartola. Esse acordo em específico não está
mais previsto no novo contrato que vem sendo negociado, que vai de 2019 a 2024.
A Globo oferece remuneração pelas transmissões dos jogos em TV"‚aberta,
TV"‚fechada a pay-per-view.
As reclamações de
dirigentes de clubes ouvidos pela reportagem é que a Globo fatura bastante com
o Cartola, e por isso as equipes deveriam ser melhor remuneradas. A maioria deles
prefere não falar abertamente sobre as negociações, alegando questões
estratégicas .
Fernando Manuel Pinto
vê com bons olhos a informação de que os clubes analisam o Cartola FC dessa
forma. "Se os clubes enxergam o Cartola como algo valioso, eu acho que
atingimos mais um objetivo. Eu vejo como uma boa notícia os clubes terem o
interesse com essa utilização dessa ferramenta digital e do jogo como algo
valioso e importante para eles e para o Campeonato Brasileiro como um todo.
Discutir com clube de futebol nunca é dor de cabeça. Eu adoro", disse o
diretor do Grupo Globo.
A discussão se
estendeu também à participação dos atletas usados no jogo virtual da empresa. O
ex-goleiro Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos Atletas
Profissionais de São Paulo, apontou que existe uma discordância no que expressa
a lei que aborda o assunto. "Essa discussão nós estamos tendo com os
clubes e com a Globo. Se o Cartola também faz parte da base de cálculos que
precisam ser repassados aos atletas. Estamos discutindo, como a lei fala em
tudo o que for gerado dos recursos audiovisuais, nós entendemos que, sim, o
Cartola está no meio de algumas rubricas que eles entendem que não, então
estamos discutindo isso", disse o sindicalista.
Alguns clubes ainda
não veem contemplados de forma adequada nos novos contratos o uso de vídeos na
Internet, o que permite, por exemplo, que o site da Globo utilize os lances das
partidas enquanto estas acontecem.
Mário Celso
Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-PR e homem-forte da
política do clube, crê que os times devem estar preparados para negociar os
contratos digitais. "A parte de streaming é um ponto nebuloso. É o futuro
e é um dos outros pontos de desencontro com o contrato da Globo. É uma
tendência com a velocidade da tecnologia, como se assina por seis anos, até
2024, é um caso. Outro caso é que logo, logo, virá, se aprovado, o jogo de azar
no Brasil, logo os clubes terão isso. São aspectos que precisam ser
abordados", afirma Petraglia.
No ano passado, Atlético-PR
e Coritiba transmitiram o clássico entre as duas equipes pelo YouTube. Das 20
equipes da Série A em 2018, quatro assinaram em TV"‚fechada com o Esporte
Interativo, reduzindo o poder da Globo de manejar a tabela de jogos em suas
diferentes plataformas: Atlético-PR, Bahia, Palmeiras e Santos. Destes quatro,
por enquanto, apenas o time da Vila Belmiro aceitou a proposta da Globo para TV
aberta e pay-per-view.
BOCAO NEWS
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