Pelo menos oito familiares do traficante Fernandinho Beira-Mar foram nomeados para cargos na Câmara de Vereadores de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, entre 2012 e 2017, com salários que variam de R$ 2.500 a R$ 6.800. Desses, três permaneciam exercendo funções na atual legislatura. Uma nona pessoa ligada ao criminoso também trabalhou na Casa no período. Segundo a Polícia Federal, que desencadeou nesta quarta-feira a Operação Epístolas, responsável por desbaratar uma quadrilha comandada pelo bandido de dentro da Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, todos eram funcionários fantasmas e não davam expediente na Câmara.
— Todas essas nomeações são de responsabilidade dos vereadores que as indicaram. A frequência e a escolha dos cargos é da competência de cada vereador que os nomeou — frisou o presidente da Casa, acrescentando que criará uma norma que obrigue que toda nomeação passe a exigir apresentação de ficha criminal, com uma certidão de nada consta no que diz respeito a antecedentes.
Já o vereador Chiquinho Caipira, eleito para o sexto mandato e atualmente secretário municipal de Pesca de Caxias, negou ter conhecimento sobre o parentesco dos nomeados em seu gabinete com Beira-Mar, bem como o fato de serem funcionários fantasmas. Além dos dois que acabaram exonerados, outras três pessoas ligadas ao traficante já trabalharam diretamente com o parlamentar (veja mais na lista abaixo).
— Conheço o ex-marido da Alessandra (irmã de Beira-Mar), que já foi candidato duas vezes e já ajudou muitos candidatos de Caxias, inclusive eu. Eu tinha o compromisso de nomear duas pessoas indicadas por ele — alegou Chiquinho, afirmando que as nomeações em mandatos anteriores se deram por indicação da mesma pessoa: — São nomeações legais, mas imorais.
A vereadora Leide , que nomeou uma filha de Beira-Mar e a companheira de um sobrinho do traficante, também alegou desconhecer que os funcionários eram ligados ao bandido.
— Tenho um trabalho no Parque das Missões, aqui em Caxias. Um amigo suplente me indicou a Nicole (companheira do sobrinho de Beira-Mar). Ela precisou sair em janeiro. Precisava de uma pessoa com prática em eventos. E esse mesmo amigo indicou a Thuany . Não confrontamos nomes aqui. Analisamos o currículo e ela foi nomeada no lugar da Nicole. Não sabia que as duas eram parentes de Beira-Mar—disse a vereadora, que negou que as duas fossem funcionárias fantasmas.
- Alessandra da Costa, irmã de Beira-Mar: assistente de comissão no gabinete da vereadora Gaete, que não se reelegeu; salário de R$ 4.800; exonerada em 1º de janeiro de 2017
- Elisete da Silva Lira, ex-mulher de Beira-Mar: assessora de plenário no gabinete de Chiquinho Caipira; exonerada em 30 de janeiro de 2016; salário de R$ 2.500
- Ryan Guilherme Lira da Costa, filho de Beira-Mar: assessor de plenário no gabinete de Chiquinho Caipira; exonerado em 31 de dezembro de 2015; salário de R$ 2.500
- Jean Júnior da Costa Oliveira, sobrinho de Beira-Mar: assistente de presidente de comissão no gabinete do vereador Tato, atualmente sem mandato; exonerado em 1º de janeiro de 2013; salário de R$ 4 mil
- Nicole Cecília da Silva Monteiro, companheira de Jean Júnior, sobrinho de Beira-Mar: assistente de presidente de comissão no gabinete da vereadora Leide; exonerada em 1º de janeiro de 2017; salário de R$ 4 mil
- Carlos Wilmar Portela, alvo da investigação da PF por ligação com Beira-Mar: assistente de presidente de comissão no gabinete do vereador Chiquinho Caipira; exonerado em 30 de novembro de 2016; salário de R$ 4.800.
O Extra não conseguiu falar com o vereador Tato, atualmente sem mandato.
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