Câncer colorretal tem prevalência significativa na região
onacional1 de abril de 2017 10:02
Publicada em: 01/04/2017 - 18:00
Região Norte registrou 136 mortes em 2014 em decorrência do câncer colorretal, conforme dados do DataSUS. Passo Fundo possui o maior índice com 22 óbitos
Março foi o mês de conscientização contra o câncer de colorretal. O objetivo é ressaltar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de um dos tipos de câncer mais frequentes no Brasil, especialmente na região Sul, onde é o segundo mais incidente entre as mulheres e o terceiro entre os homens. Conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são cerca de 34 mil novos casos anualmente e mais de 15 mil mortes.
O Rio Grande do Sul registrou cerca de 1,5 mil mortes em decorrência do câncer colorretal no ano de 2014, conforme dados do DataSUS. A macrorregião de saúde Norte, que engloba 58 municípios, registrou 136 mortes. Passo Fundo possui o maior número de mortes, 22, seguido de Erechim (14 mortes), Carazinho (9 mortes), Frederico Westphalen (8 mortes) e Marau (7 mortes).
O aumento na incidência do câncer colorretal entre 2010 e 2014 foi de 16% no país, saltando de pouco mais de 28 mil casos para mais de 32 mil. No mesmo período, o número de mortes por câncer colorretal aumentou 32% no Brasil e 21% no RS. O câncer colorretal se origina na mucosa que reveste internamente o intestino grosso, desde a parte inicial, o ceco, até sua porção terminal, o reto. De acordo com o oncologista do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado, entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer são o histórico familiar, o sedentarismo, a obesidade e a alimentação rica em gorduras e carnes vermelhas e pobre em frutas e verduras.
A doença tem uma prevalência significativa na região de Passo Fundo. Pesquisas também apontam que a incidência está aumentando entre as pessoas mais jovens. “Esse tipo de câncer pode ser hereditário em 5 a 12% dos casos. Em nossa região temos várias famílias com câncer colorretal hereditário, tanto que o chamamos de síndrome de Lynch, quanto a Polipose Familiar e outros mais raros. Estudo recente, norte americano, mostrou que o risco de desenvolver câncer colorretal entre as pessoas nascidas por volta de 1990 é o dobro daquelas nascidas por volta de 1950”, revelou Machado. Outro dado importante é que “este risco se concentra na faixa etária abaixo de 55 anos, sendo que acima de 75 anos o risco é menor atualmente”, completa Machado. No Brasil e RS as mortes por câncer colorretal abaixo dos 55 anos aumentaram 10% entre 2010 e 2014.
Diagnóstico precoce é essencial para a cura
Em geral o câncer colorretal é silencioso em fases iniciais. “Os sintomas mais comuns são a presença de sangue nas fezes, cólicas, diarreia ou constipação, anemia e emagrecimento. São sintomas inespecíficos, podendo ser secundários a inúmeras outras condições que não o câncer, mas sempre merecem atenção médica”, informou Machado.
O diagnóstico precoce é fundamental para a cura. “Recomendações internacionais indicam a realização da colonoscopia, que é a endoscopia do intestino grosso, a partir dos 50 anos de idade, para homens e mulheres sem fatores de risco elevado. Para aqueles que não têm acesso a este exame, recomenda-se a pesquisa de sangue oculto nas fezes, também a partir dos 50 anos, anualmente”, recomendou o oncologista.
A alimentação saudável, a prática de atividade física e a visita regular ao médico também são fatores preventivos importantes. “Alimentação saudável, atividade física regular, manter peso adequado, visitar regularmente seu médico e realizar a colonoscopia, preferencialmente, ou a pesquisa de sangue oculto nas fezes a partir dos 50 anos de idade, são fatores de prevenção e salvam vidas”, enfatizou Machado.
Evolução no tratamento
O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. “O tratamento é primariamente cirúrgico, principalmente em estágios mais iniciais. Dependendo dos achados patológicos na cirurgia, então pode-se recorrer à quimioterapia para redução do risco de recidiva e morte pelo câncer. Em situações específicas utilizamos como primeiro tratamento a radioterapia associada à quimioterapia, para depois considerarmos a cirurgia”, salientou o oncologista.
Todo tratamento deve ser individualizado e personalizado e muitos outros recursos podem ser úteis, para os pacientes, como: radioablação; radioterapia estereotáxica; radioembolização; e quimioembolização.
O câncer colorretal além de ser tratável, é curável ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. O tratamento evoluiu muito nas duas últimas décadas. “Hoje contamos com inúmeras novas drogas, aumentamos de forma significativa a taxa de cura nas fases iniciais e praticamente multiplicamos por cinco o tempo de vida dos pacientes com câncer colorretal avançado”, pontuou Machado.
No entanto, o diagnóstico precoce ainda é a principal recomendação. “É possível selecionar melhor os tratamentos conforme as características moleculares dos tumores. Mas ainda é insuficiente. O custo do tratamento é elevadíssimo quando adotamos as últimas tecnologias e medicamentos mais modernos. Por isso insistimos no diagnóstico precoce e na prevenção, pois o tratamento é menos agressivo, de menor custo e com imensas chances de cura”, afirma o oncologista.
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