Vizinhos da casa onde um menino de 11 anos foi encontrado dentro de um barril, em Campinas (SP), invadiram e depredaram a residência onde a família vivia. O irmão do pai conseguiu evitar que toda a estrutura fosse posta abaixo. O caso continua sob investigação, e três pessoas estão presas.
A invasão teria acontecido entre 21h e 22h30. A reportagem apurou que os vizinhos bagunçaram toda a cozinha, onde havia dezenas de potes com bolachas e biscoitos, além de outros produtos.
O tio da criança, Paulo Henrique dos Santos, que mora no mesmo bairro, ficou sabendo da ocorrência e foi até o local.
"Eu fui lá pedir para o pessoal parar com isso. Essa não é a forma de se cobrar justiça. Meu irmão errou, todos sabemos disso. Mas, destruir a casa me parece uma atitude desnecessária", contou ao UOL.
A estrutura física da casa não foi danificada, apenas o que havia dentro. A Polícia Militar não chegou a ser acionada para atendimento da ocorrência.
O prefeito Dário Saadi (Republicanos) anunciou hoje que abriu uma investigação para apurar possíveis omissões e falhas. O relatório entregue por todas as secretarias apontou, segundo o UOL apurou, alguns problemas na condução do caso da família.
Segundo a prefeitura, a investigação será feita pela Secretaria de Justiça, com prazo de 60 dias para a sua conclusão, podendo ser prorrogada por mais 30 dias. Tudo será em sigilo, por envolver um menor de idade. Nem mesmo outros dados poderão ser passados.
Prisão preventiva
Pai, madrasta e meia-irmã seguem presos. O Tribunal de Justiça de São Paulo transformou a prisão em flagrante por preventiva, para que possam aguardar o término das investigações dos detidos.
A Polícia Civil já sabe que o menino era mantido havia pelo menos um mês dentro do barril, alimentado apenas com cascas de banana e fubá cru.
O pai da criança, de 31 anos, vai responder por tortura. Madrasta e meia-irmã, por omissão.
Agora, a investigação é comandada pela 1ª Delegacia de Defesa da Mulher de Campinas, que está ouvindo vizinhos e outros familiares para tentar entender como era a dinâmica familiar, e há quanto tempo o menino era submetido aos maus-tratos.
O garoto segue internado no Hospital Ouro Verde. Segundo a equipe médica, chegou com 27 kg, e precisa pesar 35 kg para ter alta. A informação apurada pela reportagem é que ele está na casa dos 30 kg neste momento. Apesar de tudo que passou, o estado de saúde dele é considerado "bom".
Resgate de animais
A madrasta era conhecida no bairro por ser uma protetora de animais independente. Ela mantinha na residência seis cachorros e dois gatos. Uma equipe, comandada pelo protetor Symon Castro, fez o resgate destes animais, que agora estão em lares provisórios.
"Assim que soubemos do caso, fomos tirar os cachorros e gatos de lá. Tínhamos receio de que a população os soltasse", afirmou Castro.
Segundo o protetor, os animais têm boas condições de saúde e não sofriam maus-tratos. "O que destoa completamente da criança. Ficamos chocados e tristes com isso. Para o próximo domingo (7), estamos marcando um protesto para pedir o fim dos maus-tratos", completou.
Ajuda federal
Ontem, uma reunião de equipes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, do governo federal, garantiu acompanhamento psicológico ao menino, e análise minuciosa sobre seu futuro, que pode envolver o acolhimento por parentes, uma instituição ou família acolhedora.
Em nota, o ministério informa que o assunto é acompanhado pela Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Ainda segundo o governo, outros encaminhamentos foram realizados com o "objetivo de fortalecer a Rede de Proteção da cidade de Campinas".
"Dentre eles, a articulação para a criação de Conselhos Tutelares e, consequentemente, suprir a deficiência de pessoal para atendimento de qualidade à população do município; capacitação para o uso do Sistema de Informações para Infância e Adolescência (SIPIA); e articulação com membros do Poder Legislativo para equipagem dos Conselhos Tutelares por meio de emendas parlamentares", conclui, em nota.
UOL
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