O índice de fatalidade dos acidentes de trânsito em Salvador registrou aumento de 129%, embora tenha havido redução significativa da circulação de veículos e do número de acidentes, como consequência da pandemia do novo coronavírus.
Os dados divulgados pela Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) revelam que, no período entre 16 de março e 30 de julho deste ano, das 481 vitimas de acidentes, houve 31 óbitos. No mesmo período do ano anterior, foram 1.403 acidentes e 39 mortes, o que demonstra que, apesar da redução em 66% no número de acidentes, houve aumento expressivo da taxa de fatalidade este ano.
“Em números absolutos, houve uma redução, já que foram 39 óbitos no ano passado e 31 este ano. Mas se eu pegar os 1.403 acidentes do ano passado e observar que houve 39 óbitos, terei 2,8% de fatalidade. Este ano, tivemos uma taxa de letalidade de 6,4%, ou seja, um aumento de 129%”, disse Fabrizzio Müller, superintendente da Transalvador.
De acordo com o superintendente, a interpretação feita pelo órgão é a de que o aumento da gravidade dos acidentes está vinculado ao excesso de velocidade. “Houve o aumento no número de infrações por velocidade. Só não tivemos um número maior de acidentes porque o número de carros era infinitamente menor agora”, disse ele.
Na capital, a redução no número de veículos circulando chegou a 40%. De acordo com a Transalvador, se, num dia e mês normais, o fluxo de carros variava entre 600 mil e 700 mil em toda a cidade, nos meses e dias de pandemia o fluxo variou entre 100 mil e 400 mil veículos. No primeiro dia de validade das medidas restritivas, em dia 17 de março, por exemplo, circularam na cidade 619.728 veículos. Cinco dia após, no domingo, 22 de março, foram 175.415 veículos circulando.
O excesso de velocidade marcou os meses de pandemia. Entre janeiro e junho de 2019, foram 139.668 infrações por excesso de velocidade. Este ano, no mesmo período, foram 186.165 infrações, representando um aumento de 33%. “As pessoas aproveitaram a cidade vazia, as ruas mais livres e imprimiram velocidade maior. Isso acabou trazendo acidentes, que, quando aconteceram, tiveram um pouco mais de gravidade. Essa é nossa interpretação analisando e cruzando todos esses dados”, afirmou Fabrizzio Müller.
Avenida Paralela
No ano passado, a Av. Luiz Viana Filho, conhecida como Av. Paralela, registrou o maior número de feridos (98 pessoas) e de mortos (três) em decorrência de acidentes. Este ano, 40 pessoas ficaram feridas em acidentes na região e uma foi a óbito.
Retomada
Ainda de acordo com a Transalvador, já é possível perceber a volta gradativa do fluxo de veículos após a reabertura das atividades econômicas da fase 1, no último dia 24, e da fase 2, anteontem. No primeiro dia desta semana, 572.827 veículos circularam na cidade, superando a média esperada em dias de não pandemia, de 568.983 veículos circulando. “Salvador vinha avançando e tendo resultados expressivos na redução de acidentes.
Achamos que essa é uma tendência que foi um pouco interrompida em função da pandemia, mas acreditamos que, aos poucos e com a retomada dos fluxos normais, as pessoas voltem a respeitar a presença das equipes e da fiscalização eletrônica”, concluiu Müller.
A TARDE
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