De mãos dadas com a
mãe, Maria Fernanda, de 3 anos, chegou apreensiva ao posto de saúde da Asa
Norte, região central de Brasília. Os pais tentaram tranquilizar a menina, mas
não teve jeito. Maria Fernanda tomou a gotinha contra a poliomielite sem
problema, mas chorou na hora da injeção contra o sarampo. O irmão Miguel, de 1
ano e 3 meses, entrou na sala de vacinação logo depois e também tomou as duas
doses.
“Durante a semana, a
gente trabalha. É mais prático no sábado. Vi que, agora, estava vazio e
aproveitei logo. Ouvi falar sobre os surtos de sarampo no país. Fico com muito
medo. Dou vacina nos meus meninos sempre. Mas o Miguel, como não tinha idade
ainda, corria risco por causa dos outros, de outras crianças que não haviam
tomado”, disse a mãe dos meninos, a bancária Manuelle Pereira, de 38 anos.
Maria Fernanda e
Miguel fazem parte dos mais de 9,5 milhões de crianças com idade entre 1 ano e
menos de 5 anos em todo o país que já receberam as doses contra o sarampo e a
poliomielite. De acordo com o Ministério da Saúde, o número representa 85% do
público-alvo. A meta do governo federal é vacinar 95% das crianças, conforme
recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A pasta informou que,
até o momento, seis estados atingiram cobertura vacinal de pelo menos 95%:
Espírito Santo, Santa Catarina, Pernambuco, Rondônia, Amapá e Sergipe. Cerca de
1,6 milhões de crianças com idade entre 1 e menos de 5 anos em todo o país,
entretanto, ainda não foram imunizadas contra ambas as doenças.
Apesar da Campanha
Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo ter sido encerrada
ontem (31), a orientação do ministério era que estados e municípios que ainda
não atingiram a meta abrissem os postos de saúde hoje (1º). A pasta alertou que
a organização da mobilização no fim de semana é de responsabilidade de cada
município e que, portanto, é necessário verificar com as secretarias municipais
quais postos estarão abertos.
Acompanhado da mãe,
Ian, de 4 anos, chegou com pinta de valente ao posto de saúde da Asa Sul,
também na região central de Brasília. O menino comparecia pela segunda vez à
unidade de saúde, já que, ontem (31), por conta da grande procura e do espaço
apertado para vacinação, não conseguiu ser imunizado. Depois de um rápido
cadastro, tomou a gotinha contra a pólio e a injeção contra o sarampo.
“Viemos ontem, mas
estava muito cheio. Chegamos aqui e já não tinha mais senha. Por isso, voltamos
hoje. Essa última oportunidade foi boa para a gente. Eu sempre vacino o Ian.
Cumpro tudo que está previsto. Esses surtos de sarampo assustam demais a gente.
Principalmente quando se tem criança em escola onde alguns pais acreditam em
fake news [notícias falsas] sobre vacina”, destacou a mãe do menino, a
estudante Anniara Costa, de 30 anos.
As vacinas são muito
importantes, previnem o sarampo e pólio e evitam que as doenças se espallhem,
disse a bancária Rossana Machado, de 36 anos, que levou a filha Maria Carolina,
de 3 anos, a um posto na Asa norte, . As pessoas estão deixando de tomar
vacina. No grupo de mães da escola do meu filho, muitas mães defendem a não
vacinação. Eu sou da moda antiga.”
Casos de sarampo
Até o dia 28 de
agosto, foram confirmados 1.553 casos de sarampo no Brasil, enquanto 6.975
permanecem em investigação. O país enfrenta dois surtos da doença: no Amazonas,
que já computa 1.211 casos confirmados e 6.905 em investigação, e em Roraima,
onde há 300 casos confirmados e 70 em investigação.
Casos isolados e
relacionados à importação foram identificados nos seguintes estados: São Paulo
(2); Rio de Janeiro (18); Rio Grande do Sul (16); Rondônia (2); Pernambuco (2);
e Pará (2).
Foram confirmadas
ainda sete mortes por sarampo, sendo quatro em Roraima (três em estrangeiros e
uma em brasileiro) e três no Amazonas (todos brasileiros, sendo dois óbitos em
Manaus e um no município de Autazes).
VN
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