(foto reprodução)
As mortes por
acidentes de trânsito no País estão em queda. Um levantamento inédito do
Ministério da Saúde divulgado nesta terça-feira, 18, que marca o início da
Semana Nacional do Trânsito, aponta que, em seis anos, houve uma redução de
27,4% dos óbitos nas capitais do País. Em 2010, foram registrados 7.952 óbitos,
contra 5.773 em 2016, o que representa uma diminuição de 2,1 mil mortes no
período. Apesar da redução, o País segue longe da meta estabelecida pela
Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê redução de 50% no número de
vítimas em 10 anos, contados a partir de 2011.
Além disso,
considerando todas as cidades do Brasil, não apenas as capitais, foram
registradas 37.345 mortes de trânsito em 2016, que é o último ano com dados
disponíveis no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da
Saúde. O número é 14,8% menor do que o registrado, por exemplo, em 2014, quando
ocorreram 43.870 óbitos no trânsito brasileiro. A meta do País, em 2020, é não
ultrapassar o número de 19 mil vítimas fatais por ano.
“Esse número de 37
mil vidas perdidas em acidentes por ano é superior à população de muitas
cidades brasileiras. Infelizmente, quando boa parte da população pensa em
trânsito, o que vem à mente são os congestionamentos e chamada indústria da
multa, mas o que temos é uma indústria da dor e da morte”, afirma Renato
Campestrini, advogado, especialista em trânsito e gerente técnico do Observatório
Nacional de Segurança Viária (ONSV). Além das mortes, 600 mil pessoas ficam com
sequelas permanentes todos os anos em decorrência de acidentes de trânsito.
Relatório da
Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que o Brasil aparece em quinto lugar entre
os países recordistas em mortes no trânsito, atrás somente da Índia, China,
Estados Unidos e Rússia. Além desses, Irã, México, Indonésia, África do Sul e
Egito estão entre os países de trânsito mais violento do planeta. Juntas, essas
dez nações são responsáveis por 62% das 1,2 milhão de mortes por acidente no
trânsito que ocorrem no mundo todos os anos. Além dos mortos, acidentes de
trânsito resultam em mais de 50 milhões de feridos a cada ano.
No Brasil, mais de
60% dos leitos hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) são ocupados por
vítimas por acidente de trânsito. Nos centros cirúrgicos do País, 50% da
ocupação também são por vítimas de acidentes rodoviários. Segundo o
Observatório de Segurança Viária, os acidentes no trânsito resultam em custos
anuais de R$ 52 bilhões.
Dez anos da Lei Seca
A redução dos óbitos
pode estar relacionada às ações de fiscalização após a Lei Seca, que neste ano
completou 10 anos de vigência. Além de mudar os hábitos dos brasileiros, a lei
trouxe um maior rigor na punição e no bolso de quem a desobedece, com regras mais
severas para quem misturar bebida com direção.
A diretora do
Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção
da Saúde do Ministério da Saúde, Maria de Fátima Marinho, avalia que a
diminuição das mortes no trânsito mostra que o brasileiro tem mudado, aos
poucos, as atitudes, prezando cada vez mais pela segurança.
“Houve um
aprimoramento da legislação, aumento na fiscalização e alguns programas
estratégicos, como o Vida no Trânsito. No entanto, o número de óbitos e internações
ainda preocupa, especialmente os de motociclistas. Precisamos avançar na
mobilidade segura para reduzir esses números”, enfatizou Maria de Fátima
Marinho.
Fiscalização reduz
mortes
Um estudo recente do
Observatório de Segurança Viária mostrou que só há eficácia da Lei Seca nos
estados que realizam o maior número de blitz de fiscalização. No Brasil, a taxa
média nacional de fiscalização é de um em cada 500 veículos da frota total do
País, enquanto em países como Portugal e Espanha, essa média é de um a cada
cinco veículos da frota. Na França, essa taxa é ainda melhor: um a cada três
veículos do País são fiscalizados em blitz.
“Os estados que têm
mais fiscalização, têm menos acidentes relacionados à combinação entre álcool e
direção. Quando ele tem a sensação de que a fiscalização está presente, acaba
sendo mais prudente”, explica Renato Campestrini. Entre as unidades da
federação analisadas, Pernambuco, Ceará, Alagoas, Amazonas, Rio de Janeiro,
Bahia e Paraíba conseguiram reduzir para menos de 9% o número de motoristas
flagrados em operações da Lei Seca. Esses mesmos estados são, pelas
estatísticas, os que realizam o maior número de fiscalizações.
Semana do Trânsito
O tema da Semana
Nacional de Trânsito de 2018 é Nós somos o trânsito. Prevista no Código
Brasileiro de Trânsito (CBT) e organizada anualmente entre os dias 18 e 25 de
setembro, a semana busca conscientizar condutores de veículos e motocicletas a
respeitarem a legislação e ajudar a construir um ambiente viário mais seguro.
Segundo o Registro Nacional de Infrações de Trânsito, do Departamento Nacional
de Trânsito (Denatran), entre as cinco principais infrações cometidas por
motoristas e motociclistas estão excesso de velocidade, falta de cinto de
segurança e avanço de sinal vermelho.
“Cerca de 95% dos
acidentes são causados por falha humana ou falha mecânica por falta de
manutenção, o que também não deixa de ser uma falha humana do condutor. É
preciso mudar, de fato, a cultura no trânsito”, afirma Campestrini, do
Observatório de Segurança Viária. Segundo o especialista, além de reforçar a
fiscalização no trânsito, com a realização de um maior número de fiscalizações,
o País precisa avançar na formação dos seus condutores.
“A moto é,
reconhecidamente, um dos veículos que causam o maior número de vítimas fatais
no trânsito, mas, para tirar a habilitação, o motociclista faz a prova em
circuito fechado, em primeira marcha, e apenas com o funcionamento do freio
traseiro. Isso precisa ser revisto”, exemplifica.
A TARDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário