O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) está apurando uma denúncia do infectologista Roberto Badaró, que afirmou haver uma supernotificação de óbitos causados pela Covid-19 no Hospital Espanhol, em Salvador. O médico falou em entrevista à Rádio Metrópole, no dia 10 deste mês, que 40% dos pacientes que recebe na unidade hospitalar não estão contaminados pelo vírus.
“Não tem Covid. E morrem. E no atestado de óbito está lá, Covid. Porque tem três campos no atestado de óbito, então ele vem com suspeita de Covid, então ele entra na estatística de Covid. É preciso que se veja isso com bastante critério”, disse Badaró.
O infectologista, que também é o diretor médico do Hospital Espanhol, se retratou no dia 11 de junho em nota publicada pela Secretaria de Saúde do estado da Bahia (Sesab).
“Venho a público dizer que a forma como expressei-me não reflete corretamente o que acontece no Hospital Espanhol, do qual sou Diretor Médico, nem faz justiça ao trabalho primoroso que vem sendo realizado pelo Governo do Estado e Prefeituras no enfrentamento da pandemia”, disse a nota.
A denúncia foi protocolada mesmo após a retratação de Badaró. O urologista Modesto Jacobino afirmou que além da explicação do infectologista, a unidade hospitalar terá que apresentar provas. ” Eu não acredito no desmentido. O Dr. Badaró vai ter de explicar o que ele disse antes e está gravado em vídeo. E eu vou cobrar do Hospital Espanhol a comprovação através de exames de todos os óbitos registrados por Covid-19″, afirmou.
O vereador Cézar Leite (PRTB) foi o responsável pela denúncia ao Ministério Público Federal. “A questão mencionada pelo Dr. Badaró foi uma fraude, que precisa ser apurada. A retratação dele não muda nada, foi uma nota escrita com o timbre do Governo do Estado e sem assinatura.” “Eu espero que o Cremeb e o MPF façam o seu trabalho de investigar os protocolos de atendimento do Hospital Espanhol, de conversar com os colegas médicos e com o Dr. Badaró, uma pessoa sincera, que naquela entrevista falou a verdade. Não sei o que motivou essa mudança de discurso”, disse o vereador.
Em nota, a Sesab afirmou que todas as mortes pela doença que são registradas em seu boletim epidemiológico diário são investigadas pela vigilância epidemiológica municipal e estadual, além de serem confirmadas laboratorialmente. ” Até o momento desconhecemos manifestação do Cremeb a respeito do caso e, caso haja, a unidade possui responsável técnico para esclarecer quaisquer dúvidas. No que tange ao perfil dos pacientes que foram a óbito, divulgamos diariamente os mesmos, cumprindo o que a legislação preconiza”, disse a Secretaria.
O processo da denúncia ao Cremeb será acompanhado pelo corregedor José Abelardo Garcia, que escolherá um conselheiro-sindicante para apurar os dados necessários para o julgamento dos fatos apresentados. Finalizada a apuração, um relatório circunstanciado será encaminhado para a câmara da sindicância.
Os integrantes da câmara votarão e a depender da quantidade de votos, quatro resultados podem vir a acontecer:
1 – Arquivamento por falta de provas;
2 – Estabelecimento de um termo de ajustamento de conduta (TAC);
3 – Conciliação entre as partes;
4 – Instauração de processo.
Caso o réu seja considerado culpado, cinco penas são cabíveis, são elas:
1 – Advertência confidencial;
2 – Censura confidencial;
3 – Censura pública;
4 – Suspensão do exercício profissional por até 30 dias;
5 – Cassação do registro profissional.
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