A discussão sobre a
situação do conflito envolvendo a Marinha do Brasil e os moradores
remanescentes do Quilombo Rio dos Macacos (Simões Filho, Grande Salvador), foi
tema de audiência pública realizada, na tarde desta quarta-feira, 28, com a
presença do vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia.
No auditório da sede
do Ministério Público Federal na Bahia (MPF-BA), na avenida Luiz Viana
(Paralela), o evento contou com a presença também de representantes do Conselho
Nacional de Direitos Humanos, da Defensoria Pública da Bahia, da Associação de
Advogados de Trabalhadores Rurais (AATR), entre outros.
O comandante da Base
Naval de Aratu, na ocasião, propôs que os 104 hectares demarcados para os
quilombolas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
fossem mantidos em um acordo.
Além disso, ao se
referir ao acesso à agua, um dos motivos de conflito entre as partes, sugeriu
que um portão seja instalado no muro que dividirá a área quilombola da área da
Marinha.
Líder quilombola,
Rosemeire Messias dos Santos, agredida por homens da Marinha em 2014, rejeitou
a ideia, denunciando a violência contra os remanescentes: “A Marinha de Guerra
do Brasil sabe o que acontece. Não podemos permitir esse portão com dois homens
com fuzis para que jovens sejam espancados e mulheres sejam estupradas como
acontece”, afirmou, bastante aplaudida por um grande público presente no local.
Até o fechamento
desta reportagem, A TARDE não conseguiu apurar o resultado das negociações, que
prosseguiram pela tarde desta quarta.
Conflito
O conflito de Rio dos
Macacos, tema até de documentário, se arrasta há décadas. A divisão das terras,
invadida pela Marinha na Ditadura Militar, é o principal ponto da contenda.
No entanto, questões
como a construção de uma entrada alternativa para os quilombolas, a melhoria
das casas deles, o acesso à água e à luz elétrica também são discutidas nas
negociações.
O caso, que tomou
proporções nacionais, é repleto de episódios de violência já noticiados por A TARDE.
Em um deles, com a presença do então chefe de gabinete do ministro da Defesa no
quilombo, fuzileiros navais derrubaram casas quilombolas.
Em outro, Rosemeire
Messias dos Santos e o irmão dela, Edinei Messias dos Santos, foram agredidos
na entrada que, passando por dentro da Vila Militar, dá acesso ao quilombo.
As imagens,
divulgadas pouco tempo depois, mostram as ações dos militares. Uma adolescente
de 17 anos também já sofreu agressão de oficiais.
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