Os dados foram
divulgados pelo IBGE nesta segunda-feira (20), justamente quando se comemora o
Dia Nacional da Consciência Negra. E as estatísticas continuam assustadoras:
quanto mais escura a cor da pele, menor será a renda. Isso porque o órgão
federal considera ‘negros’ aqueles que se autodeclararam pretos ou pardos. Na Bahia, no 3º trimestre deste ano,
enquanto os brancos que trabalhavam ganharam, em média R$ 1.945, os pardos
receberam R$ 1.263 (35,1% menos), enquanto os pretos tiveram rendimento de R$
1.175 (quase 40% menos). No mesmo
período do ano passado, o rendimento médio geral tinha até registrado um leve
aumento – 2,2% do universo total. O problema é que a maior parte desse aumento
foi justamente para aqueles que se declaram brancos, cujos rendimentos
aumentaram 4,5%. Os que se declaram pardos tiveram um crescimento de renda
menor do que a média (1,7%), mas os que se declararam pretos continuavam com a
renda em queda (1,7%)
Em termos de
comparação, embora o próprio IBGE reconheça que, “historicamente, os negros que
trabalham recebem menos que os brancos”, a desigualdade na Bahia vinha
diminuindo desde 2012. Naquela época, os negros ganhavam, em média, 60,7% do
que os brancos recebiam – ou seja, quase 40% a menos. Em 2015, essa diferença
caiu para 33%. Em 2016, primeira vez após o período de queda que a desigualdade
voltou a aumentar, o rendimento dos negros foi 34% menos do que os dos brancos.
Mais negros
desempregados
Isso é preocupante
porque, a Bahia, é o quarto estado com maior percentual de população negra no
país – 80,3%. Numa população de pouco mais de 15 milhões de pessoas, 12,3 dos
baianos se declararam pretos ou pardos.
Na Bahia, presença
dos negros é maior entre os desempregados (85,2%) do que na população em geral
(80,3%). Para o IBGE, a dificuldade de inserção da população negra no mercado
de trabalho é “visível”, uma vez que pode ser constatada através dos
indicadores de desocupação.
No terceiro trimestre
de 2017, a taxa de desocupação geral na Bahia foi de 16,7%, mas ela era de
12,9% para os brancos e de 17,5% para os negros. E, quando se compara o
terceiro trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado, embora a taxa
suba na média, de 15,9% para 16,7%, na verdade ela tem uma leve queda entre os
brancos (de 13,1% para 12,9%) e aumentou mesmo para os negros (de 16,5% para
17,5%).
Neste contexto, a
Bahia teve a segunda maior taxa de desocupação do país (16,7%), ficando atrás
apenas de Pernambuco (17,9%). Esse ranking se manteve quando se consideram
apenas os negros, embora em ambos os estados a desocupação seja maior entre os
negros que a média. Entretanto, quando se olham apenas os brancos, a taxa de
desocupação na Bahia (12,9%) cai para a sexta mais alta entre os estados e fica
já bem próxima da taxa nacional (12,4%).
Os negros que
procuram trabalho na Bahia também representam uma parcela maior do que a
população em geral. No estado, enquanto representam 80,3% da população em
geral, os negros são 85,2% dos que estão procurando trabalho. No Brasil, esses
percentuais são, respectivamente, de 55,3% e 63,7%.
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