Ao longo de mais de
50 anos de uma premiada carreira internacional, Milton Nascimento já abraçou
diversas causas sociais e militou ao lado dos grupos ambientais mais
importantes do mundo. O caráter político de sua música está evidente desde o
primeiro disco, “Milton Nascimento”, lançado em 1967, álbum revolucionário que
completa 50 anos em 2017.
De lá para cá, Milton
realizou projetos aclamados pela crítica ao mesmo tempo em que despertava a
opinião pública para a situação de índios, negros, trabalhadores sem terra,
mulheres e crianças. E, enquanto cantava pelo mundo seus grandes sucessos,
nunca deixou de lado a mensagem social de sua música. Numa trajetória festejada
não somente com cinco estatuetas do Grammy, mas também com diversos prêmios
ecológicos como o Rain Forest (O Nobel da Ecologia), além de comendas – é
doutor honoris causa no Brasil e nos EUA – e outras homenagens, Milton jamais
havia feito nos palcos algo que ficasse em evidência todas as causas de que
tomou frente durante a carreira.
Sendo assim, a
proposta deste concerto é unificar as várias lutas de sua biografia num único e
emocionante espetáculo. Tudo de uma forma nunca antes vista, com um repertório
que passa pelas principais faces de um dos artistas mais combativos quando o
assunto é injustiça social. Neste grave momento de crise política no país, nada
seria mais forte do que ter Milton Nascimento nos palcos, com sua mensagem de
esperança num mundo melhor e, principalmente, num homem melhor.
Ava Nheyeyru Iyi Yvy
Renhoi, ou Semente da Terra, este é o nome que Milton Nascimento recebeu de 37
lideranças espirituais da Nação Guarani Kaiowá numa cerimônia realizada em
2010. O nome de batismo Guarani, concedido para pouquíssimas pessoas nascidas
fora da tribo, surgiu a partir da percepção que os índios tiveram ao olhar uma
foto de Milton. Nenhuma das lideranças jamais tinha ouvido falar dele antes
deste evento, que reuniu índios de várias etnias em Campo Grande (MS), onde
Milton se apresentou para sul-mato-grossenses e comunidades indígenas. E, após
uma discussão fechada de duas horas entre líderes Guarani em que a foto de
Milton passava de mão em mão, caciques e pajés, entraram durante o show de
Bituca e fizeram o batizado no palco. Semente da Terra, nome desenhado pelos
índios naquela noite pantaneira de maio, foi escolhido para sacramentar a volta
de Milton ao encontro direto de seu público, após um ano de período sabático.
Com direção musical
de Wilson Lopes (que também toca violão), o show conta ainda com a presença de
seu irmão, Beto Lopes (sete cordas), do baterista Lincoln Cheib, além do
contrabaixo de Alexandre Ito, dos vocais de Barbara Barcellos, do piano de Kiko
Continentino e dos metais de Widor Santiago.
O repertório foi
escolhido através de uma seleção com forte conotação política e social que foi
sendo afiada em suas três últimas turnês: “Uma Travessia” (2012), “Linha de Frente”,
em parceria com Criolo em 2014, e a tour “Tarde”, realizada em 2015. Ter
colocado o nome “Semente da Terra” neste novo show também tem relação direta
com a campanha de Milton, iniciada ainda em 2016, que pretende repassar parte
do lucro obtido com a venda de camisetas de sua marca diretamente para tribos
Guaranis de Mato Grosso do Sul.
Desta forma, Milton e
banda nos trazem, através da música, uma reflexão de dias extremos – como os
atuais. Porém, cheios de esperança, ainda mais forte. E, através de canções que
marcaram profundamente 50 anos de história a partir da primeira gravação de
“Travessia”, Milton chega em 2018 renovado, com a força de seu canto, sua raça,
seus sonhos e, principalmente, sua coragem.
SERVIÇO
Milton Nascimento
Quando: 16 de
setembro (domingo), 19h
Onde: Concha Acústica
do Teatro Castro Alves
Quanto:
Arquibancada: R$ 100
(inteira) e R$ 50 (meia)
Camarote: R$ 200
(inteira) e R$ 100 (meia)
Desconto sobre a
inteira: 40% para assinantes do Clube Correio*
Classificação
indicativa: 14 anos
AGENDA CULTURAL
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