Tiago, que permaneceu preso entre março e dezembro de 2012, era titular da Delegacia de Crimes Contra a Propriedade Imaterial, também conhecida como Delegacia de Combate à Pirataria. Uma investigação comandada pela Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública revelou que o delegado e outros policiais civis lotados na mesma especializada teriam articulado um esquema de propina paga por comerciantes chineses para que não fossem apreendidas mercadorias falsificadas, nem fossem instaurados inquéritos.
O Ronda JC teve acesso a detalhes do processo. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Pernambuco, as investigações confirmaram a existência de uma associação criminosa entre o delegado titular, um escrivão, quatro comissários, dois agentes e um auxiliar de serviços gerais. O grupo, comandado por Tiago Cardoso, “apropriava-se e desviava em proveito próprio ou alheio valores e bens resultado de apreensões feitas nas operações realizadas por aquela Delegacia de Polícia. Os membros da quadrilha, ainda, solicitavam e recebiam vantagens indevidas em razão da função de policiais que exerciam. Tais vantagens eram oferecidas por comerciantes de produtos falsificados”.
Tiago Cardoso e os outros policiais citados no processo foram condenados em fevereiro deste ano, em primeira instância. O ex-delegado recorreu da sentença e o processo foi recebido no gabinete do desembargador Fausto de Campos, da 1ª Câmara Criminal do TJPE, que vai julgar o recurso.
Ainda segundo a denúncia, a qual o blog teve acesso, o trabalho da Delegacia de Polícia de Crimes Contra a Propriedade Imaterial era direcionado pelos interesses de grupos privados, em especial advogados e/ou representantes de marcas ou ainda outros comerciantes concorrentes de produtos falsificados ou pirateados, que indicavam as datas e os locais em que deveriam ocorrer as apreensões, normalmente pontos de concorrência, sendo os policiais recompensados.
“Balcão de negócios”
No processo, que levou o delegado à condenação, consta ainda que Tiago “montou nas dependências da Delegacia de Crimes Contra a Propriedade Imaterial um verdadeiro balcão de negócios onde chefiava um grupo de servidores públicos que praticava ilicitudes de toda ordem, visando auferir vantagens ilícitas. O acusado, a fim de levar a efeito as ações do grupo criminoso que chefiava, chegou a retaliar um dos seus agentes, retirando-lhe chefia administrativa, para forçá-lo a ter um maior engajamento nas práticas criminosas que ocorriam naquela delegacia. O acusado, objetivando autopromoção na função de delegado de polícia e repercussão de suas ações na mídia, realizava, por reiteradas vezes, apreensões de mercadorias (…)”.
O Ronda JC não conseguiu contato com Tiago Cardoso. Fonte: NE 10.
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