Estudante do curso de
letras do Campus XXIII da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Carla Cleide
Lopes Barboza Lino denunciou a prática de preconceito e perseguição na unidade
de Seabra (a 450 km de Salvador).
Segundo a
denunciante, o primeiro fato ocorreu em 2015, quando ela tentava renovar um
estágio remunerado. “A diretora e a coordenadora do curso de letras disseram
para minhas colegas que eu não precisava do estágio, porque eu sabia cozinhar,
fazer bolo e faxina”.
“Essa alusão de que
eu sei fazer serviços domésticos e por isso não preciso de estágio remete ao
período que trabalhei na casa de professores da Uneb, entre 2005 e 2013. Elas
tentaram me diminuir como pessoa, como se eu fosse relegada a cumprir este papel
e não fosse digna de cursar uma faculdade”, reclamou.
Comunicado
Ela destacou que o
fato foi presenciado por três outras estudantes que são suas testemunhas e foi
levado ao conhecimento de diversos departamentos da universidade estadual, mas
sem retorno favorável. Também foi levado ao Ministério Público Estadual (MP-BA)
para que apure as denúncias.
“Desde então, tenho
sido vítima de perseguição”, relatou a estudante, salientando que, “por
manobras que fizeram no colegiado, me transferindo de turma sem a minha
solicitação, perdi uma matéria. Na oportunidade meu nome desapareceu da
caderneta da professora, que por isso não pôde anotar minhas presenças, nem as
notas”, afirmou.
Para Carla Lino,
embora tenham se passado três anos, “em março de 2018, quando vi que a
pró-reitora de Ações Afirmativas (Proaf), professora Amélia Mauraux, estaria no
campus, fiz novamente a denúncia, esperando ter o apoio”.
A denúncia foi
gravada em vídeo e divulgada nas redes sociais. Depois, a diretora do Campus,
Iranice Carvalho Silva, e a coordenadora do Colegiado de Letras, Cristiane
Andrade, divulgaram uma nota na página do Campus XXIII da Uneb no Facebook,
“onde tentam me desmoralizar e distorcem a realidade dos fatos”.
A reportagem tentou
ouvir a diretora do Campus XXIII, Iranice Carvalho da Silva, e a coordenadora
do Colegiado de Letras, Cristiane Andrade, no entanto, em todos os contatos
telefônicos a informação foi que ambas não estavam no local.
Na postagem que ambas
fizeram dia 28 de março no aplicativo Facebook, negaram a existência de
preconceito e perseguição no Campus. Citaram ainda que a estudante fez um
registro na ouvidoria da universidade em 2015, cujo requerimento foi indeferido
com a conclusão “que não há indícios mínimos de irregularidade”.
Procurada pela reportagem,
por meio da assessoria de imprensa, a Uneb se limitou em dizer que “como em
todos os casos na instituição, após a formalização da denúncia é dado início ao
processo de apuração das situações relatadas”.
A nota destacou que a
denunciante deverá apresentar as provas e que será dado às denunciadas o
direito a ampla defesa, seguindo os trâmites administrativos do processo. Por
telefone, a reportagem foi comunicada que as pessoas citadas pela estudante vão
se posicionar posteriormente.
Já o MP-BA confirmou
o recebimento da denúncia e a instauração de procedimento na 1ª Promotoria de
Justiça de Seabra.
Entretanto, o
promotor Ailson Marques ainda está se inteirando do caso e, nos próximos dias,
deverá dar início aos procedimentos de ouvir as partes e receber documentos. (
A TARDE)
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