O ex-ministro Geddel
Vieira Lima (MDB-BA) foi pego com remédios sem prescrição nem autorização
dentro do Complexo Penitenciário da Papuda. A Justiça do Distrito Federal abriu
um procedimento para investigar como Geddel conseguiu os medicamentos e os
efeitos que teriam se fossem ingeridos de uma só vez.
Um psiquiatra e duas
assistentes sociais da equipe da Papuda relataram à chefia da unidade prisional
alterações no comportamento do emedebista. Geddel "estaria se portando de
maneira estranha em razão de estar sob efeito de alguns remédios", diz
trecho da ocorrência, obtida pela reportagem. Na segunda-feira, Geddel
recusou-se a passar por um exame pericial de emergência determinado pela Vara
de Execuções Penais do Distrito Federal. Ele foi levado à Seção de
Piscopatologia do Instituto de Medicina Legal, mas disse ter "expressa
determinação de sua defesa técnica" contrária ao exame, conforme relato da
escolta.
A reportagem procurou
a defesa do ex-ministro, mas não conseguiu contato nesta sexta-feira.
Vistoria
Numa vistoria na cela
de Geddel na Ala dos Vulneráveis do Centro de Detenção Provisória, agentes
penitenciários apreenderam centenas de comprimidos dos medicamentos
antidepressivos, contra insônia, tranquilizantes, analgésicos e para tratamento
gástrico, além de uma pomada e receita médica.
"A situação é
grave, na medida em que não se apurou se o custodiado (Geddel) chegou a ingerir
os medicamentos apreendidos que estavam sem prescrição médica e com que
frequência", disse a juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais, em
decisão.
A magistrada quer
saber "se é recomendado o uso concomitante dos medicamentos" e os
"efeitos causados pelas substâncias apreendidas, se ingeridas em sua
totalidade". "As regras estabelecidas para o recebimento de
medicamentos são extremamente rigorosas em razão da necessidade de se
resguardar a integridade física das pessoas privadas de liberdade, que estão
sob a custódia e responsabilidade do Estado", escreveu ela.
No próximo dia 8 de
maio, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar se aceita a
denúncia contra Geddel e o deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), irmão mais novo
dele, por organização criminosa e lavagem de dinheiro. Eles também são
investigados por peculato. A Procuradoria-Geral da República já descreveu
Geddel como líder de uma organização criminosa que fraudava contratos na Caixa
Econômica Federal, em troca de propina. Ex-ministro da Secretaria de Governo,
Geddel está preso preventivamente em regime fechado desde setembro do ano
passado, quando uma fase da operação Cui Bono, da Polícia Federal, descobriu R$
51 milhões em malas e caixas de dinheiro, escondidos num apartamento emprestado
à família Vieira Lima.
Geddel também chegou
a ficar em prisão domiciliar, antes de retornar à Papuda. Ele havia sido preso
antes, em julho, suspeito de tentar atrapalhar a investigação. O ex-ministro
deixou o governo Michel Temer em novembro de 2016, acusado pelo então ministro
da Cultura, Marcelo Calero, de tentar interferir em processos em causa própria,
para liberar a construção de um prédio em Salvador, onde havia comprado um
apartamento.
ATARDE
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