terça-feira, 18 de maio de 2021

Enfermeira voluntária relata que homem não a deixou aplicar vacina contra Covid-19 porque ela é negra: ‘Não tive reação’

 Uma enfermeira voluntária denunciou um homem que se recusou a ser vacinado contra a Covid-19, porque ela, a vacinadora, era negra. O caso aconteceu na cidade de Ilhéus, no sul da Bahia, na segunda-feira (17).



A estudante Thaís Carvalho está concluindo curso de enfermagem. Ela também é maquiadora e todos os dias, ajuda, de forma voluntária, a vacinar pessoas no Cras Norte, no bairro Jardim Savoia.


‘O senhor, que estava acompanhado da filha dele, e ela pediu para que a gente fosse vaciná-lo no carro. Eu falei assim: ‘O senhor quer que eu te vacine logo? O senhor é o próximo’. Ele falou que não. Aí eu perguntei: ‘O senhor já fez a ficha?’ Ele: ‘Meu filho está fazendo a ficha, mas você não’. Aí eu abaixei na direção dele e perguntei o motivo. Aí ele virou para mim e disse: ‘Porque você é negra'”, contou a enfermeira voluntária.


Thaís Carvalho não conseguiu identificar o paciente, pois somente na segunda-feira (17), foram vacinadas mais de 500 pessoas no local. Mesmo assim, ela vai até uma delegacia de polícia registrar boletim de ocorrência sobre o caso, na tentativa de que ele seja identificado e punido.


“Eu fiz a vacinação e voltei. Ele já tinha saído da sala de vacina, tomado a vacina dele”, detalhou a jovem.


Após o caso ser notificado na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o secretário de saúde Geraldo Magela, repudiou o fato e agradeceu Thaís Carvalho por se oferecer para participar da vacinação de forma voluntária.


“Mesmo em um país miscigenado, com uma população bastante miscigenada, a gente ainda observa comportamentos como esses, que deveriam ser abolidos da sociedade. Nós devemos apoiar totalmente essa funcionária e agradecê-la por estar como voluntária no processo de vacinação”, disse o secretário de saúde.


Nas redes sociais, Thaís Carvalho recebeu muitas mensagens de apoio, palavras de carinho, conforto, que tem ajudado a superar o momento.


“Como eu sou estudante de enfermagem, eu sei a necessidade que nosso país está tendo com a vacinação. Por isso, decidi me doar a isso”, disse a jovem, que prometeu seguir o trabalho no Cras. 



G1


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