Pressionadas pelo crescimento acelerado no número de casos da Covid-19, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Salvador podem entrar em colapso nesta quinta-feira (4), caso novos leitos clínicos e de UTI não comecem a funcionar. A estimativa foi feita pelo secretário municipal de Saúde, Leo Prates, em entrevista ao “Isso é Bahia”, programa da rádio A Tarde FM em parceria com o Bahia Notícias.
Segundo Leo, a cidade amanheceu com novo recorde à espera de regulação para hospitais: são 117, todos com quadros de Covid-19. O sistema de saúde municipal tem regulado diariamente, em média, 70 pessoas. Para diminuir a pressão nas UPAs, seria necessário, no entanto, transferir mais de 80 pacientes por dia.
“No dia de hoje, caso o cenário não mude, a gente não consiga dar um grande número de altas e não tenha abertura do hospital de Campanha da Arena Fonte Nova hoje, a gente acredita que as UPAs entrem em colapso hoje. A quantidade de pacientes à espera de regulação cresce a uma média de 10 por dia. Para estabilizar a situação das UPAs hoje, eu teria que regular 80 pacientes. Para diminuir, eu teria que regular acima de 80 pacientes”, estimou o secretário.
Segundo ele, o tempo de espera por regulação, que era de 36 horas até esta quarta (3), chega atualmente, em alguns casos, a 60 horas. Diante do quadro, Leo apelou, novamente, para que a população siga as medidas sanitárias de combate à pandemia e evite cenas dramáticas como as vistas em Manaus. “Ou as pessoas tomam consciência, ou as pessoas vão morrer na rua.”
Ele citou o exemplo de uma pessoa que desmaiou na rua, nesta semana, com 70% de saturação de oxigênio, nível considerado crítico e que pode levar a óbito. “Se uma ambulância do SAMU não vê, essa pessoa tinha falecido no meio da rua”, relatou.
Em um desabafo, o secretário criticou os protestos contra o lockdown parcial aplicado na cidade para diminuir as taxas de contaminação e pediu que os manifestantes fossem até as UPAs e hospitais privados para ver o real “cenário de guerra” enfrentado pelos profissionais de saúde.
“Eu vi os protestos com profunda tristeza. Eu peço que essas pessoas vão nas UPAs hoje para ver como os profissionais estão sofrendo. Estão colocando pessoas em cadeira para dar o mínimo de atendimento, colocando macas no corredor, usando ventilador de transporte, usando todo tipo de manobra que a gente só vê em uma situação de guerra. Eu quero que essas pessoas que estão protestando vão numa UPA, vão no hospital privado e vejam como está a situação.”
“É isso que esse discurso ideológico de que precisa trabalhar de qualquer jeito, de que precisa ir pro trabalho de qualquer jeito. Existe empresas com pessoas falecendo no meio da rua? Não existe essa dicotomia entre saúde e economia. Não existe empresa se as pessoas tiverem morrendo. Não existe empresa sem pessoas.
BAHIA NOTICIAS
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