O protesto começou no início da manhã desta segunda e conta com cerca de 200 pessoas
“A arma dele era um
pincel!”, gritavam repetidamente em frente à 20ª Delegacia parentes e amigos do
artista plástico Arnaldo Filho, 61 anos, na manhã desta segunda-feira (23) na
cidade de Candeias, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Nadinho, como
também era conhecido Arnaldo, foi morto a tiros por policiais militares neste
sábado (21). Os Policiais Militares
envolvidos no caso disseram em ocorrência policial que o artista
plástico tentou atirar duas vezes contra uma guarnição. Familiares e amigos
pediram, no protesto, que os militares envolvidos no fato sejam presos.
Arnaldo foi baleado
dentro da própria casa, no bairro Santo Antônio. Segundo familiares, os policiais perseguiam
assaltantes quando invadiram o imóvel, que também funciona como ateliê. Eles
disseram que os policiais chegaram atirando. Na hora, Arnaldo estava desenhando
quando foi atingido duas vezes: braço e tórax.
O protesto começou
por volta das 9h. Cerca de 200 pessoas, entre parentes e amigos de Arnaldo,
saíram a pé da casa do artista e seguiram para a delegacia, na Rua São Luís,
centro da cidade, onde bloquearam o trânsito.
Manifestantes na
porta da 20ª Delegacia (Candeias) (Foto: Divulgação)
Vestidos de branco,
usando telas do artista e cartazes com as frases “Candeias está em luto”,
“Morre mais um inocente”, “Exigimos justiça”, “61 anos destruídos em um disparo”,
os manifestantes cobraram empenho na investigação. “Ele era um pai de família. O que nós
queremos é que a justiça seja feita. Uma investigação séria. Eles (policiais)
colocaram a uma na mão dele. É absurdo. A arma dele é um pincel”, declarou José
Marinho, amigo da vítima e um dos manifestantes.
Os manifestantes
ficaram na porta da delegacia por uma hora. “Esse ato é importante porque
queremos que se faça justiça. O intuito também é de acabar com essa violência
injusta que acontece também com outras famílias”, disse Dênis de Souza Barbosa,
amigo da família que participa protesto.
Segundo Dênis, os
policiais não sabiam que a casa que fora invadida era de Arnaldo, artistas
plástico conhecido em Candeias. “Quando aconteceu a tragédia, pensaram que a
casa era de qualquer um. Quando descobriram que a casa era de Nadinho, eles
(policiais) apresentaram várias versões, inclusive de que Nadinho havia pego
uma arma. Nandinho sequer abriu a janela. Morreu de forma injusta. Queremos a
prisão dos culpados. Entraram para matar”, desabafou ao CORREIO.
Márcia Cristina, uma
das filhas de Arnaldo, discursando em frente à 10ª CIPM (Foto: Divulgação)
Logo depois os
manifestantes seguiram a caminha pelas ruas do centro e neste momento estão em
frente ao Batalhão da 10ª Companhia Independe da Polícia Militar, onde uma das
filhas do artista foi recebida pelo comandante da companhia.
Em nota, ontem, a PM informou
que a Corregedoria da PMBA esteve no local e lavrou o procedimento inicial
baseado na versão dos integrantes das guarnições e já instaurou um Inquérito
Policial Militar para colher outros elementos de prova para a elucidação
técnica de toda a ocorrência. O prazo para a apuração do procedimento é de 40
dias prorrogáveis por mais 20.
Duas guarnições
estiveram envolvidas nessa ocorrência, cada uma composta por três policiais
militares, entretanto apenas uma estava no momento da abordagem do imóvel, a
outra equipe chegou em apoio momentos depois.
CORREIO 24 HORAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário