quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Vigilante evangélico é executado na frente da mãe e da avó no Barbalho

Era por volta de 3h desta quinta-feira (14) quando a dona de casa Maria Lúcia Almeida Santos, 51 anos, terminava de aprontar a quentinha do filho, o vigilante Ângelo Adriano Santos de Sena, 23, que dormia no andar de cima da residência.

A família, que mora na Rua Domingos Caetano, no bairro do Barbalho, em Salvador, teve a casa invadida por dois homens armados e encapuzados que, sem falar nada, atiraram duas vezes contra Ângelo. Ele não resistiu e morreu na frente da mãe e da avó.


"Meu filhinho e minha mãe estavam dormindo, eu estava terminando a quentinha dele para dormir também, quando ouvi o baque do portão. Eles entraram com as armas apontadas, meu filho desceu e tomou a 'rebombada'", contou Maria ao CORREIO, ainda em estado de choque.


(Foto: Reprodução/Tailane Muniz/CORREIO)
Os assassinos precisaram arrombar três portões para ter acesso à casa, que tem dois pavimentos, para chegar até a vítima. De acordo com a mãe de Ângelo, os bandidos foram embora em seguida.

Em nota, a Polícia Militar informou que, por volta de 3h, nesta quinta-feira (14), policiais da 2ª Companhia Independete da Polícia Militar (CIPM/Barbalho) foram acionados com a informação de que um homem foi vítima de disparos de arma de fogo na Rua Domingos Caetano, no Barbalho. "Ao chegar no endereço, os policiais constataram o fato e o local foi isolado", completa a nota.

Os momentos de horror vividos pela família durante a madrugada foram lembrados também pela avó do vigilante, a aposentada Alexandrina Mendes de Almeida, 84. Visivelmente debilitada, ela disse ao CORREIO que nunca vai se conformar.

"Meu neto era um menino querido, de bem. Quem matou ele estava encapuzado, não mostrou a cara. Eu só lembro dele gritando: 'minha mãe, minha mãe'. Mas isso vai ser descoberto, quem fez isso vai ser descoberto", disse a avó, enquanto tentava confortar a filha. Querido no Barbalho
Ângelo Adriano foi nascido e criado no Barbalho. Evangélico, ele não tinha filhos e há sete meses trabalhava como vigilante em uma empresa no bairro de Mussurunga - estava escalado para o plantão desta quinta-feira (14).

Durante toda manhã, a mãe e a avó da vítima receberam visitas de amigos e vizinhos - a maioria deles demonstrou surpresa ao saber a maneira como ocorreu o crime.

Amigo de Ângelo há dez anos, o microempreendedor Danilo Sávio Rocha, 34, conta com orgulho que foi o responsável por conseguir o o emprego para a vítima. "Indiquei, ele começou como folguista e logo foi efetivado. Meu choque é lembrar o cara que ele era, o caráter, a parceria. Não há nada que justifique isso", lamentou Danilo.

Para o tio do vigilante, o autônomo Alberto Carlos de Almeida, 53, o crime está cercado de mistérios. "Ele era um menino ótimo, sempre foi. E não é porque era batizado na igreja, não, é porque tinha muito caráter e personalidade", disse.

O caráter do vigilante também foi citado por outro tio, o mensageiro Heitor José de Almeida, 45. "A gente pensa, pensa e não chega a uma conclusão. Um menino que ia de casa para o trabalho, do trabalho para casa e de casa para a igreja" pontuou.

Conforme amigos, o jovem gostava de jogar bola e costumava ficar sempre na rua em que mora. Ele não tinha namorada e, segundo a família, estava feliz no trabalho. Há três anos, segundo amigos, Ângelo chegou a trabalhar por dois anos encadernando jornais na Tribuna da Bahia.

O maior sonho, atualmente, era tirar a Carteira de Habilitação, já que gostava muito de dirigir. "Ele dirigia muito bem, e sabia pilotar também, mas como era certinho, queria estar habilitado", contou o amigo, o segurança Josinval Melo, 28.

Adriano era o filho mais novo de Maria, que tem uma outra filha de 25 anos. Abalada, ela não quis comentar a morte do irmão. Na casa em que a família mora há mais de 30 anos, durante a manhã, ainda havia vestígios e cheiro de sangue. A quentinha que a mãe fez para Adriano, permanecia sobre o fogão.


A família ainda não definiu horário e local do sepultamento de Ângelo. O crime deve ser investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).(CORREIO)

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