quarta-feira, 1 de maio de 2019

Velório de Beth Carvalho vira grande roda de samba na sede do Botafogo

Foto: Monica Schwartz PC/Photopress/Estadão Conteúdo

O corpo da cantora e compositora Beth Carvalho, conhecida como a Madrinha do Samba e um dos maiores nomes da história do gênero, foi velado nesta quarta-feira (1º) na sede do Botafogo de Futebol e Regatas – clube de coração da sambista –, na Zona Sul do Rio.

Beth morreu na terça-feira (30), no Hospital Pró-Cardiáco, onde estava internada desde janeiro. A causa da morte foi infecção generalizada, após anos de luta contra problemas graves na coluna.
Pouco antes das 16h, o caixão com o corpo de Beth foi fechado sob muitos aplausos e colocado no alto de um caminhão do Corpo de Bombeiros, para um cortejo pelas ruas do Rio até o crematório no Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, Zona Norte.

O caixão foi disposto sob bandeiras do clube e colocado em uma mesa coberta com as cores da Mangueira, escola do coração de Beth. Um painel com imagens importantes da carreira da Madrinha do Samba foi montado na entrada.

Durante o velório, músicas que fizeram parte da história de Beth Carvalho foram cantadas, como "Doce refúgio", em alusão ao Cacique de Ramos, "Coisinha do pai" e o hino do Botafogo.
O velório foi aberto ao público às 10h. Coroas de flores foram entregues a pedido da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio (Liesa), da família de Diogo Nogueira, de Dudu Nobre e do Botafogo.

Emocionado, o cantor e compositor Dudu Nobre contou que, mesmo com problemas de saúde nos últimos anos, Beth Carvalho lutava para continuar cantando. Ele relembrou a importância da cantora na sua vida.

"A Beth deixa um legado maravilhoso. Ela descobriu e deu oportunidade para muitas pessoas. Eu, quando conheci a Beth, tinha 4 ou 5 anos de idade. Era amiga de todos os sambistas da década de 70, 80 para cá", destacou Dudu Nobre.

Outro "afilhado" Beth, Zeca Pagodinho disse que era um simples compositor até que ela apareceu em sua vida.

"Muita gente ela botou lá em cima. Eu costumo brincar, dizer que eu sou só um compositor e virei um Zeca Pagodinho por causa da Beth. Meu negócio era compor. Ela me pôs pra gravar Camarão Que Dorme A Onda Leva e virei esse Zeca Pagodinho que o Brasil hoje aplaude", disse.

As cantoras Zélia Duncan e Teresa Cristina também estavam entre os primeiros que chegaram ao velório.


Teresa contou que o sucesso da obra de Beth se devia à sua capacidade de se atualizar e conhecer as inspirações do povo brasileiro.

"Eu vim agradecer por tudo, todo o olhar sobre a cultura brasileira. Uma pessoa que sabia o gosto do povo. Ela tinha um olhar sobre o que era popular", destacou Teresa Cristina.

Segundo Teresa, ela conhecia todas as rodas de samba do Rio, além de ser aberta a novos compositores.

As duas lembraram que a cantora nunca temeu expor as suas opiniões políticas e que, além da música, sua firmeza fica como legado.


G1

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