Uma rebelião resultou
em mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no km 8
da rodovia AM-010, em Manaus, no final da manhã deste domingo (26). A
Secretaria de Segurança Pública do Amazonas confirmou o motim, mas não
confirmou o número de mortos.
De acordo com o
titular da pasta, Louismar Bonates, o motim começou durante o horário de visita
de familiares e foi motivado por conflitos entre as organizações criminosas que
estão abrigadas na unidade.
“Houve um confronto
entre dois grupos organizados de dentro do presídio, que têm conflitos e
aproveitaram o momento da visita de familiares para fazer essa tomada, que
começou como uma confusão entre eles e resultou num princípio de rebelião”,
explicou Bonates, que negou que os visitantes tenham sido feitos reféns.
Segundo ele, no
momento em que a confusão entre os presos começou, muitos familiares que
estavam no presídio correram para a quadra e outros para os corredores, em uma
tentativa de evitar o confronto com a polícia.
“Eles não fazem os
familiares de escudo humano, o que acontece é que alguns familiares, nessa
situação, preferem ficar no presídio para evitar a intervenção das forças de
segurança, na tentativa de que eles consigam apaziguar os ânimos”, disse.
O titular da
secretaria relatou que o Grupo de Intervenção Penitenciária e a Tropa de Choque
da Polícia Militar foram deslocados para o presídio e que a rebelião foi
contida ainda no início da tarde deste domingo. “O movimento está contido.
Vamos aguardar agora a entrada das forças de segurança e a contabilidade
oficial dos mortos. Sabemos que há mortos, mas ainda não temos a confirmação de
quantos”, informou Bonates, que espera ter esses dados até o final do dia.
Para ele, a rebelião
foi resultado de um racha interno das organizações criminosas, provocado por
conflitos motivados por mudanças na administração do presídio, sobretudo no
quesito “reintegração”. “A atual administração está incentivando o sistema de
trabalho para redução de pena e muitos presos vêm aderindo. Isso parece estar
incomodando as lideranças e pode ser a causa desse conflito”, analisou.
O Compaj foi palco de
uma das maiores chacinas ocorridas em presídios brasileiros: em janeiro de
2017, uma briga entre facções rivais, seguida de um motim que durou 17 horas, deixou
59 mortos.
Na mesma semana, mais
quatro detentos foram assassinados durante uma rebelião na Unidade Prisional de
Puraquequara (UPP), também em Manaus, e, seis dias depois, uma nova rebelião,
desta vez na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, localizada no centro da
capital amazonense, terminou com mais quatro mortos.
Ainda em 2017, a
crise prisional se estendeu para outros estados. Quatro dias depois da chacina
nas unidades prisionais do Amazonas, 33 presos foram assassinados no maior
presídio de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
Também no início de
2017, um motim deixou pelo menos 26 mortos, decapitados ou carbonizados, na
penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta, a maior do Rio Grande do Norte.
Rebelião no Espírito
Santo
No fim da manhã deste
domingo (26), houve outra rebelião, mas no Espírito Santo. Detentos da Casa de
Custódia de Vila Velha iniciaram motim pouco antes de 12h. Familiares e
visitantes foram usados como escudo humano pelos presos.
De acordo com a
Secretaria Estadual de Justiça, 65 internos foram responsabilizados pela
organização do motim. A unidade abriga 496 presos. Além dos reféns, os internos
teriam depredado a unidade e utilizado pedras para ameaçar os inspetores. Havia
no local cerca de 150 visitantes externos.
Após a notificação da
ocorrência, a Diretoria de Operações Táticas foi acionada para negociar o
resgate dos reféns.
A rebelião foi
controlada por volta de 13h, e os reféns, liberados. Ao menos 33 presos ficaram
feridos, sendo três destes encaminhados para atendimento externo. Não há
registro de reféns feridos durante a rebelião. A pasta não informou à
reportagem o estado de saúde dos feridos.
Folhapress
Monica Prestes e Luisa Leite
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