domingo, 26 de maio de 2019

Rebelião em presídio de Manaus deixa mortos; ES também registra motim em prisão




Uma rebelião resultou em mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no km 8 da rodovia AM-010, em Manaus, no final da manhã deste domingo (26). A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas confirmou o motim, mas não confirmou o número de mortos.

De acordo com o titular da pasta, Louismar Bonates, o motim começou durante o horário de visita de familiares e foi motivado por conflitos entre as organizações criminosas que estão abrigadas na unidade.

“Houve um confronto entre dois grupos organizados de dentro do presídio, que têm conflitos e aproveitaram o momento da visita de familiares para fazer essa tomada, que começou como uma confusão entre eles e resultou num princípio de rebelião”, explicou Bonates, que negou que os visitantes tenham sido feitos reféns.

Segundo ele, no momento em que a confusão entre os presos começou, muitos familiares que estavam no presídio correram para a quadra e outros para os corredores, em uma tentativa de evitar o confronto com a polícia.
“Eles não fazem os familiares de escudo humano, o que acontece é que alguns familiares, nessa situação, preferem ficar no presídio para evitar a intervenção das forças de segurança, na tentativa de que eles consigam apaziguar os ânimos”, disse.

O titular da secretaria relatou que o Grupo de Intervenção Penitenciária e a Tropa de Choque da Polícia Militar foram deslocados para o presídio e que a rebelião foi contida ainda no início da tarde deste domingo. “O movimento está contido. Vamos aguardar agora a entrada das forças de segurança e a contabilidade oficial dos mortos. Sabemos que há mortos, mas ainda não temos a confirmação de quantos”, informou Bonates, que espera ter esses dados até o final do dia.

Para ele, a rebelião foi resultado de um racha interno das organizações criminosas, provocado por conflitos motivados por mudanças na administração do presídio, sobretudo no quesito “reintegração”. “A atual administração está incentivando o sistema de trabalho para redução de pena e muitos presos vêm aderindo. Isso parece estar incomodando as lideranças e pode ser a causa desse conflito”, analisou.

O Compaj foi palco de uma das maiores chacinas ocorridas em presídios brasileiros: em janeiro de 2017, uma briga entre facções rivais, seguida de um motim que durou 17 horas, deixou 59 mortos.

Na mesma semana, mais quatro detentos foram assassinados durante uma rebelião na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus, e, seis dias depois, uma nova rebelião, desta vez na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, localizada no centro da capital amazonense, terminou com mais quatro mortos.

Ainda em 2017, a crise prisional se estendeu para outros estados. Quatro dias depois da chacina nas unidades prisionais do Amazonas, 33 presos foram assassinados no maior presídio de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.

Também no início de 2017, um motim deixou pelo menos 26 mortos, decapitados ou carbonizados, na penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta, a maior do Rio Grande do Norte.

Rebelião no Espírito Santo

No fim da manhã deste domingo (26), houve outra rebelião, mas no Espírito Santo. Detentos da Casa de Custódia de Vila Velha iniciaram motim pouco antes de 12h. Familiares e visitantes foram usados como escudo humano pelos presos.

De acordo com a Secretaria Estadual de Justiça, 65 internos foram responsabilizados pela organização do motim. A unidade abriga 496 presos. Além dos reféns, os internos teriam depredado a unidade e utilizado pedras para ameaçar os inspetores. Havia no local cerca de 150 visitantes externos.

Após a notificação da ocorrência, a Diretoria de Operações Táticas foi acionada para negociar o resgate dos reféns.

A rebelião foi controlada por volta de 13h, e os reféns, liberados. Ao menos 33 presos ficaram feridos, sendo três destes encaminhados para atendimento externo. Não há registro de reféns feridos durante a rebelião. A pasta não informou à reportagem o estado de saúde dos feridos.



Folhapress

Monica Prestes e Luisa Leite


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