sexta-feira, 28 de junho de 2019

Fisioterapeuta que sobreviveu a 68 facadas é ouvida em 1ª audiência



Com várias cicatrizes visíveis pelo corpo, a fisioterapeuta Isabela Oliveira Conde, 36 anos, que sobreviveu a 68 facadas, foi ouvida durante a primeira audiência do caso, na manhã desta quinta-feira, 27, no Fórum Criminal de Sussuarana. Além dela, foram interrogados também o ex-namorado e mandante do crime, Fábio Barbosa Vieira, 37, e os dois capangas, Alex Pereira dos Santos, 26, e Adriano Santos de Jesus, 29.

Tanto o Ministério Público quanto a defesa dos acusados têm um prazo de cinco dias, a partir desta sexta, 28, para apresentarem as alegações finais. Depois disso, o processo será analisado para que fique definido se ocorrerá mesmo um júri popular.

"E diante do júri popular a expectativa de Isabela e da família é que os réus sejam condenados", enfatizou o advogado Levy Moscovits, assistente de acusação. Segundo Levy, testemunhas também foram ouvidas e, a partir de então, a acusação mostrará que o caso de Isabela merece ser julgado perante o Tribunal do Júri Popular.

Vítima e agressores prestaram depoimento em momentos diferentes. "Não tenho condições psicológicas de estar junto dessas pessoas que me causaram tanto mal. Pedi para não ter contato visual porque não sei como vai ficar a minha cabeça depois, como vou processar aqueles três monstros, aqueles três assassinos", desabafou.

Isabela foi alvo de uma tentativa de feminicídio cometida em 28 de fevereiro. No caso, Fábio, que na época era namorado da vítima, foi buscar a companheira, que saía de um plantão em um hospital. Quando ela entrou no carro, viu dois homens estranhos.

O crime foi cometido na avenida Bonocô, a mando de Fábio que pagou R$ 500, para que a dupla cometesse o crime dentro do carro, enquanto ele dirigia.

Para sobreviver, Isabela teve que se fingir de morta. O trio a largou em uma ribanceira na BR-324, perto de Simões Filho (Grande Salvador). Depois que se afastaram, Isabela, mesmo ferida, conseguiu se arrastar até as margens da rodovia e pedir ajuda. Ela foi socorrida por um casal.

Milagre

"Sempre tive fé em Deus e agora eu me apeguei mais ainda a Ele porque eu me considero um milagre de Deus. Acho justo sempre agradecer a Deus porque só por eu estar aqui hoje já é uma vitória muito grande na minha vida. O que peço a Ele agora é que me dê sabedoria e me proporcione justiça para que eu possa exercer o meu direito de ir e vir, sem ficar com medo, angustiada, achando que pode acontecer qualquer coisa novamente", disse Isabela.

Depois de se tornar mais uma sobrevivente, Isabela diz que, ao reativar sua conta no Instagram, várias pessoas faziam comentários de solidariedade. "Muitas mulheres me procuram através da rede social, muitas mensagens e isso me ajuda muito em saber que eu posso ajudar. Eu não tive noção de que um ser humano desse poderia ser tão cruel e há mulheres que vivem essa violência diária, de ciúmes, possessão. É assim que começa e depois parte para agressão até chegar ao ponto de tentar tirar a vida da pessoa", relatou.


Nicolas Melo | Foto: Nicolas Melo | Ag. A TARDE

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