Com várias cicatrizes
visíveis pelo corpo, a fisioterapeuta Isabela Oliveira Conde, 36 anos, que
sobreviveu a 68 facadas, foi ouvida durante a primeira audiência do caso, na
manhã desta quinta-feira, 27, no Fórum Criminal de Sussuarana. Além dela, foram
interrogados também o ex-namorado e mandante do crime, Fábio Barbosa Vieira,
37, e os dois capangas, Alex Pereira dos Santos, 26, e Adriano Santos de Jesus,
29.
Tanto o Ministério
Público quanto a defesa dos acusados têm um prazo de cinco dias, a partir desta
sexta, 28, para apresentarem as alegações finais. Depois disso, o processo será
analisado para que fique definido se ocorrerá mesmo um júri popular.
"E diante do
júri popular a expectativa de Isabela e da família é que os réus sejam
condenados", enfatizou o advogado Levy Moscovits, assistente de acusação.
Segundo Levy, testemunhas também foram ouvidas e, a partir de então, a acusação
mostrará que o caso de Isabela merece ser julgado perante o Tribunal do Júri
Popular.
Vítima e agressores
prestaram depoimento em momentos diferentes. "Não tenho condições
psicológicas de estar junto dessas pessoas que me causaram tanto mal. Pedi para
não ter contato visual porque não sei como vai ficar a minha cabeça depois,
como vou processar aqueles três monstros, aqueles três assassinos",
desabafou.
Isabela foi alvo de
uma tentativa de feminicídio cometida em 28 de fevereiro. No caso, Fábio, que
na época era namorado da vítima, foi buscar a companheira, que saía de um
plantão em um hospital. Quando ela entrou no carro, viu dois homens estranhos.
O crime foi cometido
na avenida Bonocô, a mando de Fábio que pagou R$ 500, para que a dupla
cometesse o crime dentro do carro, enquanto ele dirigia.
Para sobreviver,
Isabela teve que se fingir de morta. O trio a largou em uma ribanceira na
BR-324, perto de Simões Filho (Grande Salvador). Depois que se afastaram,
Isabela, mesmo ferida, conseguiu se arrastar até as margens da rodovia e pedir
ajuda. Ela foi socorrida por um casal.
Milagre
"Sempre tive fé
em Deus e agora eu me apeguei mais ainda a Ele porque eu me considero um
milagre de Deus. Acho justo sempre agradecer a Deus porque só por eu estar aqui
hoje já é uma vitória muito grande na minha vida. O que peço a Ele agora é que
me dê sabedoria e me proporcione justiça para que eu possa exercer o meu
direito de ir e vir, sem ficar com medo, angustiada, achando que pode acontecer
qualquer coisa novamente", disse Isabela.
Depois de se tornar
mais uma sobrevivente, Isabela diz que, ao reativar sua conta no Instagram,
várias pessoas faziam comentários de solidariedade. "Muitas mulheres me
procuram através da rede social, muitas mensagens e isso me ajuda muito em
saber que eu posso ajudar. Eu não tive noção de que um ser humano desse poderia
ser tão cruel e há mulheres que vivem essa violência diária, de ciúmes,
possessão. É assim que começa e depois parte para agressão até chegar ao ponto
de tentar tirar a vida da pessoa", relatou.
Nicolas Melo | Foto: Nicolas Melo | Ag. A TARDE
Nicolas Melo | Foto: Nicolas Melo | Ag. A TARDE
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