terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Mulher relata agressão e acusação de furto ao tentar trocar roupa em shopping de Salvador

 G1


Um mulher de 53 anos relatou ter sofrido agressão, após ser acusada de furto em uma loja de departamento em um grande shopping de Salvador. A vítima alega que estava com a nota fiscal e tentava trocar peças de roupas com a sobrinha. A polícia investiga o caso.


O caso aconteceu no último sábado (7), em uma loja da C&A, do Shopping da Bahia. Tanto a loja, quanto o centro comercial informaram que estão “apurando a situação”. Com o rosto muito machucado e o medo de sofrer represálias, a vítima preferiu não se identificar.


“Eu estava com a peça para trocar, e minha sobrinha estava experimentando as roupas. Quando eu me aproximei, o segurança veio e nos acusou de roubo. Ele chamou outro segurança, e esse segurança disse que era policial, e nos levou para doca. Ao fechar a porta da doca, ele já me deu um murro no ouvido. Em seguida, ele me deu mais dois murros no abdômen perguntando pela roupa”, contou ela.


Depois de agredir a mulher, o suposto segurança, que se identificou como policial, tomou o saco com as roupas a serem trocadas e não devolveu mais a ela. O homem teria feito ainda uma ameaça velada de estupro contra a adolescente de 17 anos, sobrinha da vítima.


“O saco estava com as roupa já pagas, que eu ia trocar. Ele não me devolveu. Aí ele voltou a me bater, disse que a minha sobrinha era p***, xingou ela de vários nomes, ameaçou e perguntou se minha sobrinha era virgem – porque se fosse, ele ia levar ela para a DAI, para ‘ela virar mulher’”.


A DAI a que ele teria se referido é a Delegacia do Adolescente Infrator. O g1 entrou em contato com a Polícia Civil, que afirmou que a prática citada pelo suposto segurança não é realizada em qualquer das unidades policiais, e que a DAI obedece ao Estatuto da Criança e do Adolescente e às demais leis.


A vítima relatou que as agressões e ameaças duraram cerca de duas horas, e que precisou implorar para que os supostos seguranças não agredissem a sobrinha dela, que tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e possui características do espectro autista.


“Eu implorei para ele não bater na minha sobrinha. Minha sobrinha ficou muito nervosa. Ela já é nervosa, minha irmã teve que levar ela para o médico, para ser medicada. Depois ela passou dia todo dormindo. Dois dias, praticamente, dormindo a base de remédios, porque ela travou ao me ver apanhando”.


Três dias após as agressões, a mulher segue com os olhos machucados e falou sobre o trauma de ter sido brutalmente agredida por um homem.


“Quando eu fecho meus olhos, só vejo o murro que ele deu no meu olho. Os murros no abdômen, ele me chamando de ladra. Eu trabalho, tenho minha carteira assinada. Eu estou dormindo à base de remédio. São dois dias sem ir para o trabalho. Ainda estou muito abalada, ainda mais nessa idade, com 53 anos ser acusada de roubo e ser espancada. Eu nunca tinha apanhado de um homem”.


Depois de liberar tia e sobrinha, as duas foram orientadas por uma outra pessoa – que também seria funcionária do shopping – a buscar a delegacia


“Quando ele liberou a gente, um funcionário do shopping me chamou e disse: ‘senhora, vá para a delegacia dê queixa [boletim de ocorrência], porque eles estão acostumados a bater tem muita gente aqui dentro, e nenhum deles são policiais’”.


A Delegacia da Pituba informou que o caso foi registrado como lesão corporal, e que ela passou por exames de corpo de delito. Os depoimentos das vítimas e dos agressores já foram agendados.


Por meio de nota, o Shopping da Bahia informou que demitiu o segurança envolvido no caso e está buscando contato com a família da vítima para oferecer a assistência necessária. A assessoria do shopping ainda disse que a conduta adotada pelo profissional é contrária ao propósito do shopping e não condiz com as orientações de boas práticas no relacionamento com os visitantes.


A C&A, loja onde a vítima foi trocar as roupas, informou que lamenta o ocorrido e que colabora com as autoridades policiais nas investigações. A loja também disse, por meio de nota, que tomará as medidas cabíveis caso seja necessário.

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