Uma moradora da cidade de São Francisco do
Conde, região metropolitana de Salvador, completou 118 anos de vida em agosto
deste ano. Os familiares de Maria São Pedro Conceição, que nasceu no primeiro
ano do século XX, em 1901, dizem que estão tentando levantar informações sobre
como enviar a história dela para o Guinness Book.
Na última edição da
publicação, o título de pessoa mais velha do mundo está com uma japonesa de 116
anos.
"A gente está
tentando descobrir como mandar a história da minha vó para o livro dos
recordes. Estamos vendo ainda, a japonesa não é a mais velha, porque Dona Maria
tem 118 anos. A velha é centenária", contou Gisélia Conceição, neta da
idosa.
“Doença ela não tem.
Ela ficou debilitada porque ela sofreu um derrame quando ela tinha 103 anos.
Ela caiu quando estava capinando o quintal daqui de casa, mas ela caiu e entrou
em casa dizendo que sentiu tonta, a gente não percebeu que era algo mais
sério”, disse Gisélia Conceição.
O estado de Dona
Maria deixa todos da família comovidos. Os familiares se revezam para dar banho
e comida para a idosa.
“Eu sinto muitas
vezes que é dolorido, pela idade que ela tem. Eu até me emociono quando vejo
ela deitada. Eu sei que são as condições. Há seis meses quando ela ainda falava
eu chegava e dizia 'Velha, está bom ficar deitada aí? Está não minha filha, já
queria ir'.
“Minha mãe sempre
dizia que a vida dela foi sofrida, sempre trabalhou na casa dos senhores,
trabalhava em roça, em coisas pesadas. Ela falava que trabalhava fazendo
farinha, fazendo carvão, pisava em brasa. Mostrava o solado dos pés pretos e
contava que era daquela cor porque ela sempre pisava nas brasas", disse a
filha da idosa, Amália Conceição.
A idosa deixou a
cidade de Lamarão depois da família ter viabilizado seu casamento com José
Aniseto dos Anjos, com quem ficou casada por quase 90 anos.
"Ela sempre
falou que por mais que as coisas tenham sido difíceis, ela tinha o sorriso no
rosto porque conseguiu criar todos os filhos, ajudou a cuidar todos os netos e
ainda viu os bisnetos, tataranetos e por aí vai".
Maria São Pedro ainda
frequentava a casa dos idosos de Candeias, onde dançava samba e sapateado,
depois de completar 100 anos.
"Há oito meses
você via ela e só enxergava alegria. Uma idosa que andava, sapateava, sambava,
bebia. Ela está lúcida, não consegue falar mais, mas ela entende quando falamos
com ela e ela sorri. Ela gosta muito de um vinho, às vezes a gente dá a ela um
gole para ela sentir o gosto da vida e saber que ela ainda está com a gente”,
contou Dona Amália.
O maior ensinamento
que Maria São Pedro deixou enquanto falava para os netos é o do esforço nos
estudos. Todos contam que a idosa sempre fez o comparativo entre a caneta e a
enxada, objeto que marcou a infância e adolescência dela, para motivá-los a
conquistar melhores condições de vida.
“Vocês têm a caneta e
eu não tive. Minha caneta foi uma enxada, minha caneta foi cozinhar e fazer as
coisas para os filhos do meu patrão. O que vocês tiveram eu não tive”, dizia
Dona Maria, segundo a neta da idosa.
A família de Maria
São Pedro não tem idéia do tamanho de herdeiros formados por ela. Amália
Conceição conta que até os tataranetos de Dona Maria já tem filhos. "A gente
não sabe quantas pessoas têm a nossa família, porque é muito grande. Tem netos
dela que já são pai e avós", contou.
Segundo dados
divulgados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad
Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a Bahia
registrou 320.227 idosos em 2018. Destes, 139.092 eram homens e 181.135 eram
mulheres.
Em 2010, de acordo
com o IBGE, a Bahia tinha o maior quantitativo de pessoas centenárias do
Brasil, tanto no total, como de cada sexo.
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