terça-feira, 5 de março de 2019

Filhos de Gandhy comemoram 70 anos com participação de Gilberto Gil



Em 2019, a fantasia do Gandhy veio com um detalhe especial, ideia do artista plástico e carnavalesco Alberto Pitta: tons em dourado para celebrar a longa trajetória e a cor do bloco Badauê, em homenagem à memória do capoeirista, educador social e fundador da entidade Moa do Katendê, morto em 2018.

O tema, “Êla Tempo”, foi escolhido em respeito à ancestralidade e a todos os que contribuíram para a evolução da instituição. Tempo que rege o caminhar, as decisões e o destino das pessoas e permitiu que os Filhos de Gandhy chegassem ao dias de hoje como símbolo de resistência.
 
O atual presidente, Gilsoney de Oliveira, explica que a entidade vem prezando pela qualidade dos integrantes – este ano, são 3 mil. “Buscamos associados que prezem pelas tradições e costumes, que combatam qualquer tipo de assédio ou desrespeito. Somos uma nação ecumênica, recebemos participantes de todas as religiões”.

Trajetória
A história do bloco demonstra a luta, a força e a tradição do bloco mais antigo de Salvador em atividade. Era o dia 18 de fevereiro de 1949 – uma sexta-feira – quando pouco mais de 30 homens, estivadores do porto de Salvador, com lençóis brancos como vestes, tranças de cebola na cabeça e tamancos nos pés, resolveram colocar um bloco na rua. O nome do grupo foi uma forma de homenagear o líder religioso Mahatma Gandhi, que havia morrido no ano anterior. Nascia, assim, o Filhos de Gandhy.

Mesmo em época de falta de trabalho nos portos e política de arrocho salarial, gerados pela crise do pós-guerra, o grupo foi criado como forma de resistência e vem seguindo firme neste propósito ao longo dos anos. Da casa do estivador Aurélio, em Coutos, a caminhada foi longa até chegar à sede própria no Pelourinho, doada em 1992 pelo então governador Antônio Carlos Magalhães.

 
No início da década de 1950, ocorreu a mudança da classificação de bloco para afoxé e foram incorporados os destaques: lanceiros e fuzileiros (responsáveis por fiscalizar e assegurar a ordem dentro do afoxé), o camelo maior e o elefante. Nos anos de 1974 e 1975, enfrentando problemas administrativos, a entidade não desfilou no Carnaval, fato que foi um golpe muito duro para os associados e admiradores, após 25 anos de desfiles ininterruptos.

Força
Depois das ausências e sob o comando do novo presidente, o mestre Camafeu de Oxóssi, e com ajuda de um Livro de Ouro, comumente utilizado para arrecadar fundos, saiu com um modesto grupo de menos de 100 pessoas. Nos anos seguintes, personalidades baianas como Gilberto Gil, Jorge Amado e o próprio ACM passaram a ajudar o afoxé.
 
Em 1999, o grupo criou o Centro Cultural Gandhy, com o objetivo de atender crianças, adolescentes e seus familiares da comunidade do Centro Histórico. No local, é promovido um trabalho socioeducativo e profissionalizante, que realiza atividades culturais, esportivas e lazer, além de reforço escolar.
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O grupo ganhou força e visibilidade através dos anos e o tapete branco que encanta e emociona, luta para manter a tradição de um verdadeiro candomblé de rua, protegido por Oxalá e Ogum, representados nas cores branca e azul das vestes e colares. O Padê para Exú antecede todas as saídas do grupo, pedindo proteção para o caminho do desfile.


IBAHIA.COM

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