O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado da Bahia (ADPEB) informou, nesta quarta-feira (18), que mais de 400 delegados fizeram a entrega de seus cargos comissionados em todo o estado. Os servidores ainda se comprometeram a não assumir os que ficarem vagos. Ofícios sobre esta decisão serão entregues na Governadoria.
A manifestação da classe ocorre, segundo a ADPRB, devido ao tratamento que a categoria vem recebendo do governador Rui Costa. O sindicato afirma que o gestor adotou uma postura de “absoluta intransigência” e se fecha para o diálogo aberto com os servidores policiais civis do estado.
Os sindicalistas apontam que inúmeras reformas legislativas aniquilaram os direitos de todos os servidores, o que os conduziu à posição de pior remuneração da categoria em todo o país. Também ressaltaram as condições “insalubres” em que as unidades policiais da Bahia se encontram.
“Toda e qualquer tratativa feita até o presente momento com os interlocutores, que, preocupados com a decisão da classe, se colocaram à disposição, não foi suficiente para fazê-lo admitir a gravidade da situação, o que deixa cristalino o fato de que a segurança pública em nosso estado nunca foi preocupação do governador Rui Costa”, diz a ADPRB, em nota. “Esta entidade de classe atuou incessantemente nos bastidores visando preservar os interesses dos delegados, apelando ao bom senso e à reponsabilidade de quem detém o poder de decisão, porém nada nem ninguém conseguiu fazer Rui Costa sair do seu pedestal para ouvir os servidores.”
Diante desse quadro, a categoria decidiu por fazer a entrega dos cargos.
Procurada pelo CORREIO, a Polícia Civil informou que embora o Gabinete da Delegada-Geral Heloísa Campos Brito ainda não tenha recebido o documento oficial informando da entrega dos cargos comissionados por parte de delegados, entende que a entrega não desobriga os delegados de continuarem a exercer suas atribuições previstas em Lei.
“A instituição reafirma seu compromisso de proteger e servir a sociedade e está ciente de sua responsabilidade na intensificação dos trabalhos de polícia judiciária, tendo sempre como prioridade a segurança do povo baiano”, destacou.
Histórico de conflito
Está não é a primeira vez que a categoria toma a decisão de abrir mão dos cargos. No dia 14 março deste ano, mais de 300 delegados se reuniram em Assembleia Geral e decidiram entregar os cargos e suspender as operações policiais por 30 dias.
À época, a decisão havia sido motivada pelo aumento de 4% concedido pelo Governo do Estado – considerado insuficiente – e a ausência de diálogo por parte da administração, além da falta de investimentos na instituição, em estrutura e na contratação de pessoal.
Uma semana após a decisão, a Justiça declarou ilegal e abusiva a operação padrão deflagrada pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado da Bahia (Adpeb) e determinou a imediata suspensão do movimento e o retorno ao exercício das funções pelos membros da categoria, sob pena de multa diária.
CORREIO
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