quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Em Salvador, Moro recebe a medalha Tiradentes pela ADPF-BA


O juiz federal Sérgio Moro, responsável por comandar as investigações da Operação Lava Jato, esteve na manhã desta quinta-feira, 23, em uma sala de cinema UCI Orient do Shopping Barra para palestrar na 3ª edição do Simpósio Nacional de Combate à Corrupção. O evento é realizado pela Associação de Delegados de Polícia Federal da Bahia (ADPF-BA) e também acontecerá nesta sexta-feira, 24.

Na abertura do simpósio, Moro recebeu a medalha Tiradentes, considerada a mais alta condecoração concedida pela ADPF. Em seguida, o juiz deu início a palestra que em um dos pontos informou a relação da publicidade com as investigações, até que ponto é viável.

"Os casos criminais devem ser julgados em público, os processos e julgamentos são públicos. Há possibilidade de ocorrer em segredo, quando não há processo criminal ou se a publicidade possa prejudicar a investigação", explica Moro.

Em um dos pontos, o juiz também relatou em quais pontos as investigações não têm as informações externadas: "É necessário ter cautela nas fases de invetsigação, mas uma vez superada a necessidade de sigilo, a publicidade se impõe. Em casos de crimes sexuais, onde a divulgação possa implicar em uma revitimização, a exposição da vítima, é natural a imposição de segredo".
 
Em seguida, Moro afirmou a necessidade de divulgar os fatos ao cidadãos. "As pessoas tem o direito, em uma democracia, de saber o que fazem seus governantes e o judiciário não pode servir como um guardiário de segredos sombrios dessas pessoas. É uma opção feita desde o início, de cumprir com a constituição e externar todas as provas e fatos públicos. Isso foi potencializado pelo sistema eletrônico da quarta região (TRF4)", pontua.

Na palestra, o juiz explicou sobre alguns momentos que foi criticado sobre o vazamento de informações: "Muitas vezes falavam que 'o juiz Sérgio Moro vazava informações'. Mas na verdade estava tudo registrado em processo eletrônico e qualquer profissional da imprensa poderia ir lá colher os dados, na verdade, qualquer pessoa independente de ser jornalista, porque isso é um direito".

Ainda em seu discurso, Moro explica até onde divulgação dos fatos pode afetar. "A publicidade foi fundamental para grandiar o apoio da opinião pública. O juiz tem que investigar a partir dos fatos e das provas e julgar conforme isso e não com base na opinião pública. Mas em processos de pessoas poderosas, a opinião pode influir na atuação da justiça", afirma o juíz.

A TARDE

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